terça-feira, 13 de março de 2007

Limitando-se

"You need boundaries, between you and the rest of the world. Other people are far too messy. It’s all about lines. Drawing lines in the sand and praying like hell no one crosses them. At some point you have to make a decision.
Boundaries don't keep other people out; they fence you in."
-Meredith. GA


Não é raro a gente se perguntar se está aproveitando a vida, raro é descobrir que sim.

Há anos atrás eu fui ferido e tudo mudou. Eu pensei por muito tempo que entender meus sentimentos tinha a ver com não sofrer pelos mesmos motivos. Quando se anda com uma cicatriz você está mais seguro, você vai na direção contrária ao soco, você se previne. Pessoas que sofreram muito são perigosas, pois elas sabem que, aconteça o que acontecer, elas sobrevivem no final; li isso em algum lugar.

Eu, sem perceber, estava me tornando previsível e limitado.

Se você confia em uma pessoa e é traído, você é capaz de confiar de novo? Pouco a pouco eu me negava não só a acreditar nas pessoas, como também já as conhecia sabendo seu potencial de me magoar. Um simples oi é suficiente pra você saber que não deve se arriscar, que vai, por exemplo, levar uma bota ou que a pessoa não vai gostar de você. Você nunca vai realmente saber se a cena vai acabar da maneira que você idealiza: Você não deu uma chance ao destino.

Vendo a vida por este ponto de vista a gente se cerca de todos os lados sempre tentando se magoar o mínimo possível e acaba pagando o preço de sempre viver o mínimo possível. Não Ama de verdade, não Confia de verdade, não se Diverte totalmente, parece que sempre que tiver uma oportunidade de dar errado é melhor parar antes de começar.

Essa coisa toda de protecionismo merece ser analisada de outro ponto de vista, não o de um ser inteligente, mas sim negligente. Eu explico: Percebi que estou não mais forte, mas sim mais medroso. Todo esse papo de "nessa eu não caio mais" não é expertise, é medo. Será que eu estou duvidando da minha capacidade de sair de outra depressão? Será que eu fujo do fundo do poço por pura covardia?

“Tolo é o Roque, que não sabia que a verdadeira arte de viver não estava em evitar e limitar-se. Viver era na verdade a arte de cair e se levantar dizendo: ‘Da próxima vez vai dar certo’". Eu corro o risco disso estar escrito em minha lápide e ter apenas uma meia dúzia de pessoas no meu enterro.

Em raros momentos eu me arrisco e é neles, e só neles que eu descubro que ainda persisto. Meu destino não é viver no cinza, é provar do preto e do branco intensamente. Tenho que testar, provar, tentar e errar. tudo isso não pelo fracasso, mas porque poderia dar certo.

Eu vou fazer, eu vou me entregar ao destino. Eu estou vulnerável e começo a gostar disso. Isso começa a gerar um sentimento novo dentro de mim: liberdade!


"Waking up strong in the morning
Walking in a straight line
Lately i'm a desperate believer
But i'm walking in a straight line"

-Silverchair, Straight Line