sexta-feira, 4 de maio de 2007

Onde estou?

"Quem me quer não me conhece; quem me conhece me teme".
-Clarice Lispector, base para tudo, sempre.


Dia desses eu me vi (quase) satisfeito e perguntei onde estou. Se eu não consegui consertar o que me resta de ruim eu ao menos consegui visualizar um ideal
. Se eu não consigo conter determinados sentimentos, ao menos consegui trabalhá-los de uma maneira mais justa comigo. Eu até mesmo chorei, fato inédito depois da minha adolescência.

Eu tive vitórias, mas me falta algo.

Eu senti melhoras em todos os temas que trabalhei aqui. Só havia - e há - um campo em que a minha vida retrocedeu a
passos largos em direção ao meu estado mais primitivo e infantil. O amor, que de uma maneira sutil, afetou todos os outros campos.

E eu falo de uma pessoa amar a outra e namorar. Eu não sei o que é amor. Só sei que comigo não aconteceu, nunca nessa intensidade. Se o mundo acha que ama e isso for mentira, se eu sou incapaz de amar no sentido de relacionamento da coisa, eu juro que não sei.

Pensando no que deu errado, no que me falta, eu concluo que terei que levantar a espada mais uma vez. E sabe por que? Porque o amor destruiu
todos os outros campos da minha vida.

Eu preciso acrescentar uma ressalva aqui já que posso ser duramente criticado. Do lado direito desse post tem uma descrição do meu blog e avisa que meus textos são "nada complexos em forma, mas necessariamente verdadeiros em conteúdo".

Ok, lá vai: Eu não lutei só por mim. Digam que fui um tolo, um idiota ou imaturo, mas na maioria das lutas era para que eu possa ficar 10 minutos com uma pessoa e ela nem reparar que eu não sei existir.

E eu não sei existir, eu não sei qual é o meu lugar na vida das pessoas e muito menos na minha. Não sei nem ao menos onde estou agora, lembrem-se do título do post.

"Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por que dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma.", dizia Clarice.

Minha vida é algo abaixo do que eu quero e tem o fato de que eu não me admito como inferior. Se eu pudesse eu matava cada parte mesquinha de mim e lapidava um ideal bem mais alto. Mas pra que? Para os outros, infelizmente, porque se nem eu me suporto, quem vai?

E dizem que para amar, você primeiro tem que se amar. "Quem não se dá, a si próprio detesta, e a si próprio se castra. Amor sozinho é besteira". Já dizia um dos maiores brasileiros. E Clarice - sempre ela - dizia que "quando digo que te amo, estou me amando em você..." Dessa parte posso concluir que não consigo amar os outros porque eu não me amo.

Eu baixo a guarda agora, eu abro o peito e digo esses segredos, pra quê tudo isso? Porque se um dia eu tiver que explicar o egocentrismo de meu ser eu terei esse texto como base. Eu não fui plenamente feliz porque me entreguei a esse caminho pensando em seres que não pensam em mim.

Agora eu chego a conclusão fatal: e se eu só pensar em mim nesse caminho, evitando somente prejudicar os outros? E se o medo da solidão se transformasse em vontade de ficar sozinho? Onde estaria eu agora?

Estaria em mim, meu único abrigo seguro, meu único amigo fiel, meu único não-vivo-sem que existe por aqui. Eu mesmo.

Eu vou dar um pouco mais de tempo, porém eu sei que no final... Deixa eu citar logo,
"But in the end, it´s always me alone". É a minha jornada. Sei que se eu tivesse alguém do meu lado seria mais fácil, mas Deus nunca facilitou as coisas pra mim nesse nível.

Eu quero amar porque me sinto incompleto. Poderia eu procurar o que falta em mim mesmo? Me tornaria então em uma força insuperável? Eu seria completo?


"Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade."

Aceita-ti Roque, tua jornada não pode mais esperar
. Então, esperem tudo de mim agora. Esperem toda a selvageria do meu ser, toda a minha força, porque eu nunca sei direito o que quero e é essa a origem de toda a minha fraqueza, mas quando eu decido que quero, o universo conspira ao meu favor. Eu movo montanhas.

Se eu quiser viver sozinho, nada mais poderá me parar novamente senão eu mesmo.


" Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém...

...As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci
"
-Pato fu

Um comentário:

Vanessa disse...

Gostei muito do texto, achei o bem reflexivo!

Bjs Tico!

Para a gente amar outra pessoa, e preciso em primeiro lugar amar a si mesmo!

Vanessa