quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ela era tão jovem...

Enfim, estou escrevendo de novo:


"...Já havia decidido desde a infância que acabaria com sua vida quando quisesse. Se todos tivessem o mesmo senso de humor que ela, estaria até mesmo escrito na Certidão de Óbito Causa Mortis: Ju morrera de tédio.

Seria lindo, mas nunca seria verdade. Ninguém entende. É melhor envelhecer entediada, olhando para o relógio tentando lembrar se era a hora do genérico cor laranja ou da pílula maior azul. Sentia inclusive dó da vó quando faziam churrasco. Sofria ao vê-la tentando comer. Pior ainda: a imaginava tirando a dentadura e escovando depois. Achava humilhante. Tudo na velhice é humilhante.

E sentia cada vez mais que esse momento de tédio completo se aproximava. Era quando ela resolvia mudar, fazer algo interessante, revirar os contatos e arranjar mais um problema. Irônico, mas o que a mantinha viva, lutando para sobreviver era justamente a decisão que um dia cometeria suicídio.

Só a morte era obscura. Assim, sem aviso. Droga, se lembrou de novo da mãe .Chorou mais um pouco. Mas precisava viver, revirar, achar algo. De onde se começa uma jornada? Porque somos nós que escolhemos nossos problemas, a vida só encarrega de oferecer mais dilemas e destruir nossas expectativas de encontrar uma solução simples e definitiva."

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