terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo, que poderia ser Ano Denovo

Sem querer ofender, mas hoje eu olhei para uma foto nova de Ex e pensei "Era lá que eu estaria se tudo isso não tivesse acontecido."

Agora eu consigo ver claramente que esse término duro e fatal era necessário. Hoje eu estaria exatamente onde estava há um ano atrás.

E eu não quero isso. hoje eu estou anos luz daquela pessoa que era. amanhã quero estar longe de onde estou agora, sempre para melhor.

Que todos sejam felizes, que cada caminho continue. Demorou um bocado pra eu perceber que eu estava estagnado em um lugar, e tudo isso me fez seguir adiante.

O homem que sou hoje, jamais teria sido se tivesse ficado.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sobre a poeira

Faz dois meses que eu não posto, e não é porque estou sem assunto. Falta esclarecer aqui que eu tenho pensado muito e chegado a dezenas de conclusões, no entanto todas já foram comentadas por esses textos antes.

Eu estou numa fase de repetição: eu só confirmei tudo o que já escrevi nessas páginas e , como ainda não consegui realizar nenhuma mudança significativa, fiquei quieto.

Pra entender mais fácil: de que adianta eu vir aqui dizer coisas que eu ainda nem coloquei em prática?

A verdade é que eu tentei sustentar uma ilusão em mim e em setembro/outubro tudo veio abaixo.
eu me sinto calcificado em antigos atos e, até que coisas novas aconteçam, eu vou me calar.

Penso pro um tempo em investir por esses lados em ficção, ou romantizar passagens do meu dia. Preciso exercitar a escrita de uma forma ou outra.

Grande beijos e até mais, e que esse "mais" seja breve

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Pra fora

Houve um dia em que eu decidi falar tudo e machucar quem merecesse no processo. Pra quem sempre me vê engolindo seco tanta bosta e abrindo até mesmo um gentil sorriso quando sou alvo de escárnio, isso foi uma surpresa.

E deu certo.

Pronto. Agora não tem vírgula que eu engula.

Vai encarar?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sobre abóboras e sapos

Agora eu sei. É exatamente assim, não é? Começa precisamente nesse ponto mesmo.

Primeiro a gente cria uma imagem do par ideal, pinta com todos os detalhes a princesa do castelo que vamos resgatar ou o príncipe que irá nos salvar, e então a gente pega essa perfeita fantasia e veste a primeira pessoa que encontrar. Confesso: todo relacionamento é um reflexo daquilo que a gente quer e nunca aquilo que podem nos oferecer.

E é assim, criando modelos que não existem, encontramos a maneira mais fácil de se decepcionar.

Daí é uma decepções após a outra, coleção infindável de relacionamentos fracassados até que perde-se a vontade de se acreditar de novo. A gente mata toda possibilidade de amar e se convence que isso não existe. Afinal, se nós conhecermos uns vinte casos fracassados em toda a nossa vida, com todos os outros seis bilhões de seres humanos vai acontecer de novo. Muito coerente: definir seis bilhões numa amostra de vinte.

É assim, não é? Quando a gente desiste é que a gente casa com a primeira medíocre que aparecer, e ela vai até agradecer a Deus por ter achado o homem errado. Ela, que vai ter um filho comigo e que eu vou preferir assistir o jogo de domingo que brincar com a criança. Ela é tão sem sal que a coisa mais inteligente que vai dizer no jantar é que o preço do sabão em pó cresceu pela terceira vez.

E eu vou traí-la de todas as maneiras possíveis e prováveis. Enquanto tiver dinheiro pagarei profissionais do sexo para saciarem meus desejos e vou voltar tarde todos os dias. Vou inclusive comer a secretária, e levarei pra minha amante mais presentes em um mês do que eu dei a minha esposa em seis anos de casamento. A amante sim, vai ganhar flores, bombons e promessas de felicidade. E minha esposa saberá que está sendo traída, mas sem mim ela é o que? Profissão dona de casa? Eu coloco arroz e feijão na mesa, e ela que se vire pra descobrir que raios significa a palavra "felicidade". Casou comigo porque quis. E sabe também que se me largar ninguém mais vai querê-la.

E quando tivermos o nosso segundo filho - engraçado que eu nem vou reparar como ela ficou grávida, já que acho que estamos quase quatro anos sem fazer sexo de maneira decente - eu gastarei todo o meu dinheiro. Mas não tem problema: pinga é barato e eu ainda posso chegar bêbado em casa e descontar nela todos os meus problemas e frustrações sexuais.

E também não vou acreditar em mais nada, é muito fácil matar Deus num cenário como esse. Quem precisa acreditar em inferno com uma vidas dessas? Vou é agradecer quando finalmente morrer!

Contraditoriamente após minha morte terei um enterro maravilhoso e digno. Muitos chorarão por minha ausência e me perdoarão inconscientemente dos meus pecados, principalmente porque todos conseguiam, mesmo que por um instante ou em um olhar, enxergar em mim meu grande coração. Lágrimas de verdade. E por mim.

É esse o caminho, não é? É logo após tantas decepções que se decide que amar é ilusão, e que ilusão dói mais que a possibilidade de ser feliz e nunca conseguir. É agora, e eu preciso logo encontrar o botão "Stop". Eu preciso que você segure na minha mão o mais forte possível e me diga que ainda é possível, que existe gente igual a mim nesse mundo. E que eu ainda posso encontrar.

Sabe o que é o pior? Precisava te contar que o pior é que eu não te vesti de fantasia nenhuma. Eu amei tudo o que você inclusive odeia em si. Quer ver? Acho óculos extremamente sexy, adoro suas pintas e não ligo para o seu tamanho: há pessoas lindas de dois metros de altura que jamais prenderam meu olhar por mais de cinco segundos. Juro.

Mas eu concluo que eu saio dessas situações de maneira bem diferente dos outros mortais. Enquanto muitos terminam histórias como a nossa cheios de mágoa, eu termino com pura raiva. Foi quase agora que eu fui perceber que cada decepções minhas não roubam minhas energias e nem me esgotam. Eu fico é inquieto, irritado, impaciente, cheio de palavras que eu nunca vou dizer porque você nem me ouviria e que nem mudariam em nada. Quero é te tirar logo da minha cabeça e quero mesmo é foder com a pessoa errada só pra dizer que se você não quer o problema é só seu: sou muito desejado, obrigado. Sabia que tem gente que daria o mundo pra namorar comigo?

E nada disso importa agora. Nem muda em nada o que vai acontecer.

Nada.

No final das contas acaba eu aqui, você ai, e só. Ponto, nem mesmo posso escrever o que sei que não vai acontecer. Acaba sempre assim: sem graça, sem esperança e sem grandes conclusões.

É por isso que eu sinto raiva, porque a verdade é que agora eu sei que a gente não vai seguir com a nossa história, vamos parar antes de ter-mos chegado na melhor parte. Sem nenhum aprendizado inédito, acaba é tudo soterrado pra debaixo da terra e cada um que se vire pra encontrar alguém que vai trazer ou prazer ou esperança no próximo final de semana. Esse conto de fadas sempre termina assim.

Em outras poucas e boas palavras, tudo isso de nada me valeu a pena.

Nada.



"Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como gostamos de pensar. Mas não é o que acontece, é? Algumas coisas nós apenas temos que aprender de novo, e de novo, e de novo... "

De A a Z, com todas as letras.

"O sucesso encobre uma infinidade de fracassos"

Só Deus sabe o quanto eu torci pra que finalmente estivesse certo, que era dessa vez que eu iria amar e ser correspondido pela segunda vez.

Eu não aguentei, confesso. o que começou muito bem e cheio de promessas de que iríamos devagar acertando nosso rítmo foi brutalmente transformado em algo mais forte do que eu conseguiria encarar, mais intenso do que eu precisava e absolutamente desnecessário. O exagero tornou a tudo tão falso.

E justamente nós, que poderíamos ter tido um namoro de anos, fazer o quê?

Eu não poderia ficar com você nem mais um minuto depois do que aconteceu com meus pais, depois do que eles passaram por causa do seu telefonema. Eu poderia até te perdoar com o tempo sobre os eventos de sábado, poderia pela primeira vez passar por cima do meu ego porque você virou a cara para mim quando te abracei naquela manhã, afinal amor transforma, amor também é sacrifício. Mas o que aconteceu com meus pais prova que não estávamos com a cabeça no lugar, como tudo aquilo era demais.

E depois, você negou todas as incoerências, pra logo depois confirmar tudo. Eu prefiro estar do lado de alguém que fale logo "Errei, tem jeito de me desculpar?" do que passarmos por tudo isso.

Eu preciso confiar e muito em quem dorme na minha cama.



Xeque-mate

(Post sobre o final de Julho, começo de agosto, que eu jamais tive coragem de publicar antes. Mas tem coisas que não importam quanto tempo levem, ainda são necessárias)


Eu ainda me surpreendo quando leio o início do seu post, comparando amor à uma Guerra, coração a algo a ser conquistado, e inimigo que conseguindo vencer pela mentira.

Devo dizer que o seu ponto de vista é fácil demais.

Por que não podemos ser seres humanos que simplesmente são ou não cativados? Precisamos mesmo transformar a vida nesse Preto no Branco absoluto?

Isso não é uma novela e não somos vilões.


Mas o que eu verdadeiramente queria era dizer:

"Não entendo onde eu te iludi, deixando bem claro que não poderia ficar com você enquanto gostava de outra pessoa e enquanto você não estivesse no meu coração isso seria errado.

Não entendo onde sou o culpado por não te avisar, sendo que você cortou o contato comigo e não interage nem por Orkut ou Flog há dias. Não quis saber sobre a minha transformação na vida profissional, sobre o caso de doença na minha família... Então como seria natural eu te ligarse você não quebra o silêncio há uma semana?

Não entendo, se por você eu passaria um domingo em casa, sozinho e esquecido, já que você não me ligou mais. Mas ter um domingo ótimo e ser feliz eu não posso. Isso é imoral demais, é traição, é covardia."


Mas enfim, eu até responderia se eu não tivesse sido bloqueado. Penso em algo bem simples:

"Se eu estiver falando a verdade então você não perde nada, simplesmente não tocou, e essas coisas acontecem ou não, independente da nossa vontade. Se eu estiver mentido você também não perde nada, saiu ileso e rápido das mãos de uma pessoa que não vale nada: EU."


De qualquer forma você ganha. E de qualquer forma há agora muito menos sorrisos do que existia antes.


"OMG, I'm shocked"
-Flog alheio oportunista, tentando desviar as atenções de que aliciou um amigo através de um comentário sobre quem eu estava ficando. Provando que criar polêmica sobre os outros é uma ótima maneira de desviar atenção das nossas próprias depravações.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Amused

"No one is going to take me alive
The time has come to make things right
You and I must fight for our rights"



Foi pouco antes das luzes se apagarem que eu me dei conta que estava há poucos minutos de ver e sentir
Muse pessoalmente .

Nossa paixão é de longa data. Tudo retorna há uns quatro anos quando eu ainda era bem diferente do que sou hoje. Todos os meus conhecidos se vendiam ao New Metal e a música já não conseguia mais me ler. Eu estava deslocado do cenário atual, nenhuma banda me satisfazia e todos os hits eram, na melhor das hipóteses, descartáveis. Então eu ouvi falar sobre essa banda, Muse, e decidi dar uma chance. Achei absolutamente sem graça.

Foi num dia ruim, tempos depois, num momento difícil eu procurava uma música na pasta do meu irmão e me deparei justamente com Time is running out:
"Eu acho que estou afundando
Asfixiado
Eu quero quebrar o feitiço
Que você criou

Você é algo belo
Uma contradição
Eu quero jogar
Eu preciso da fricção

Enterrar isso
Eu não vou deixar você enterrar isso
Eu não vou deixar você manchar isso
Eu não vou deixar você assassinar isso

Nosso tempo está acabando
E nosso tempo está acabando
Você não pode empurrar isso pra debaixo do tapete
Não pode parar isso gritando"


Foi amor a primeira vista. A partir daquele momento sempre descobria uma música deles que casassem com o
que eu estava sentindo no momento. E cada vez mais lançavam músicas melhores, cada novo single traduzia o que eu estava passando.

Depois de longos anos a espera havia acabado, eles estavam prestes a subir no palco e eu fui tomado por uma euforia tão infantil. Eu não cabia mais em mim: gritava, pulava, ria, chamava. Finalmente as luzes se apagaram, e eu senti meu coração disparar.

A sensação que eu tive foi ímpar. Apesar de todo o frisson eu não me senti bem durante o show inteiro. Eu revivi muita coisa. Eu sabia de cor meu passado, mas todo em seqüencia. E Muse não respeitou o Setlist da minha vida, misturaram todos os momentos e fases desencadeando reações exageradas. Uma música eu era êxtase em pessoa, na próxima cutucavam cicatrizes antigas. em uma eu lembrava de alguém, na próxima sentia saudades de outro.

Eu revi tudo em pouco tempo, e eu não estava preparado.

Mas como é bom saber que eu vivi tanto! É muita história diferente, melhor que isso só lembrar que ainda faltam várias músicas para ganharem significado, e saber que em 2009 vem outro álbum inédito.


"Its a new dawn
it's a new day
its a new life for me
And I'm feeling good"


terça-feira, 22 de julho de 2008

Ela ainda chora

" O que você vai fazer hoje é muito importante,
pois você esta trocando um dia da sua vida por isso "


Para ela, Ney Matogrosso era um deus maior que Deus. Em todas as aparições deles gritos histéricos. Minha mãe só gritava assim por duas coisas: Ney ou barata.

Cheguei na sala já no meio da entrevista, procurava meu celular e reparei que ela estava imóvel, calada diante da televisão. Olhei pra tela e o vi, sem nenhuma maquilagem nem roupa exagerada, simplesmente o homem Ney. Me virei para minha mãe.

Nenhuma reação.

Tentei então provocar, comentei sobre o caso dele com o Cazuza.

Nenhuma reação.

Parei incrédulo. Por que será que ela estava quieta?

Meu pai então proclamou baixinho pra mim:

-Sua mãe está assim porque sua tia-avó está no hospital.

A entrevista na televisão termina e novamente nenhuma reação, nenhum sorriso, nenhum movimento brusco. Ela saia calmamente e quieta da sala, lágrimas se formando no rosto mas teimam não escorrer, e sai sussurrando:

-Poxa vida, hoje nem o Ney...

Nem o Ney...




**********


O telefone tocou mais uma vez e, para alívio dos meus pais, não era sobre o caso da internada, era coisa minha. Tempos depois retornei pra cozinha e ela me disse, já com lágrimas secas e olhos inchados:

-Sabia que sua tia-avó está internada?

Ela está no hospital, sozinha...

...E eu sou a próxima.



"If you don't live for something,
you will die for nothing"

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Déjà vu

“nada leva o passado embora, só o futuro...
nada faz a escuridão desaparecer, somente a luz!"


Se tudo na vida tem começo, meio e fim, a história anterior já deu o que tinha que dar. Eram tantas reticências que pensou logo no ponto final.

E quem disse que é fácil? Pior, quem disse que é controlável?

Nossas histórias iam e voltavam. Brindava sempre o destino pelo melhor sem nunca ter se perguntado se o próprio Destino também não atrapalhava. Sabia que era tudo absurdamente cruel: se era mesmo dono do futuro, então porque essas coincidências exageradas?

Havia algo gritando no universo que me conhecia. Algo que de tempos em tempos cruzava caminhos e brincava com ironia de todas as minhas bases mais sólidas. Algo que sabia o que eu queria, mas ignorava apelos.

Eu estava tentado. Eu estava vulnerável. Eu estava suscetível.

Mas por dentro culpava-me de tudo. O destino sempre mostrou uma saída, eu é que quis ficar.



The universe may not always play fair, but at least it's got a hell of a sense of humor.
-Carrie

Das verdades de Charlotte

It's infuriating! Women sit around, obsessing about what went wrong,
while men just say "alrighty", and move on!

domingo, 20 de julho de 2008

A kiss can change everything

"Um meio de obter é não procurar"
-Clarice



Lecionava de maneira sofrível.

Simulava o constrangimento que passara dias antes. Já fazia perguntas torcendo para que ninguém soubesse as respostas, quem sabe se constatasse que o que não sabia nenhum de nós também ignorávamos, se convenceria que qualquer um também seria humilhado na mesma situação.

A cada nova pergunta que não respodíamos a tensão crescia. Começou então a gesticular mostrando impaciência e até levantou-se algumas vezes para imitar trejeitos daqueles que haviam provocado sentimentos de inferioridade, impotência e despreparo.

Toquei seus ombros, minhas mãos deslizavam desconfortavelmente pelas costas duras como pedra. Mais tensão. Os olhos já começavam a brilhar, e eu até poderia arriscar que eram sinais de lágrimas. Mais tensão.

Foi num lance, de repente.

Todos saíram, você se virou.

Um beijo.

Músculos relaxados. Sorriso estampado no rosto. Olhar esperançoso, maravilhado, criança que ganhou presente e mal pode esperar para abrir a caixa... Mais sorrisos.


Um beijo pode mudar tudo.


"Pain, you just have to fight through, because the truth is you can't outrun it,
and life always makes more.
"
-Meredith

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Rumo ao desconhecido

Era alguém que me ensinou como se fala "rapidinha" em inglês. E eu morri de vergonha.

-I'm Late!
-Come on... Just a quick one.

Mal posso esperar para o fim do mês quando você voltar para o Brasil.

-Quick ones? No way. I'm gonna take my time...



"You've been a bad, bad boy"

I'm gonna take my time, so enjoy
There's no need to feel no shame
Relax and sip upon my champagne

'Cause I wanna give you a little taste

Of the sugar below my waist, you nasty boy"

-Nasty Naughty Boy, Christina Aguilera.

domingo, 13 de julho de 2008

Antes mal acompanhado do que só?

(extraído do meu flog)

"Somos todos na vida, qualquer um de nós
Vilões e heróis, vilões e heróis"
-Maria Rita



Todos se beijavam, menos eu.

O primeiro passo seria sempre reconhecer o erro, e pensou, por que não postar uma foto sozinho com a célebre frase: quem muito escolhe, acaba sozinho?

Mas perdeu a visão infantil dos fatos quando observou os sorrisos.

Tinha percebido que todos os amores que não sentiu e todas as pessoas que disse "não" já haviam encontrado um par. E estavam felizes.


Era isso. Era preciso deixar as pessoas que você não pode mais fazer feliz irem embora de encontro com o próprio destino delas, mais cedo ou mais tarde apareceria alguém. Não era errado dizer "Adeus". Errado mesmo era prender alguém quando já se sabe que não vai mais fazê-la feliz.

E ousou até mesmo a pensar, será que era isso que o amor da minha vida tinha feito? Me amando até onde pode, ficando até onde sentiu que me faria feliz, e depois me lançado a minha própria sorte, desejando que em algum momento eu fosse reencontrar aquilo que já não podia mais me oferecer? Dizer adeus, ironicamente, também seria uma forma de demonstrar amor?

Ainda assim era solitário. Ainda assim era triste, confesso. Mas de uma certa forma sorri porque também era prazeroso. Tirava das próprias lágrimas a chance de mais uma vez amadurecer.


E, quando eu já pensava em ir embora, conheci alguém...


"Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra que eu pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu"
-Maria Rita

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Manual Prático do Homem Solteiro: Vol I

Hello, my name is Fabulous.
-Samantha Jones

Começou com uma conversa de bar, às vezes um clique naquele perfil com foto atrativa, outras já começam com um beijo na noite, sem nem ao menos dizer o nome. Não importa. O que importa, o que tira o sono de verdade é o que se segue.

Eu segui um plano diferente dessa vez: me concentrei na carreira profissional e ocupei o tempo livre com a busca da pessoa ideal. É claro que o óbvio aconteceu: acabei promovido e solteiro.

Solteiro porque essas coisas acontecem, não se buscam. Eu até tentei dar uma chance à uma faísca aqui ou outra ali mas a verdade é que nada conseguiu fazer esse coração parar de novo. Exceto por uma pessoa.

A nossa história é bem curta, bem intensa e bem acabada, graças a Deus. Depois de um namoro completo eu pedi algo igual a você, e encontrei. Algo que me mostrasse que eu ainda posso vir de novo a confiar em alguém. É por isso que eu terminei essa história feliz, porque ao menos eu posso dizer que o passado é passado, maravilhoso, mas passado. Eu não sou a Carrie que vai e volta a vida inteira com o Mr. Big. Eu termino histórias.

E não sei recomeçar. Por onde eu passe tem alguém me olhando,. não sou tolo. No entanto o que eu busco pouca gente oferece ou acredita. O que eu quero não se escolhe nem se compra. Ou ou a pessoa também busca, ou despreza.

Mas eu aprendi algumas lições importantes nesse mês:

Primeiro, em casa ninguém acha nada além de frustração e mais gorduras localizadas. Segundo, as pessoas estão cada vez mais possessivas, basta um beijo e todo mundo já acha que vai ser eterno, está diminuindo a tendência do "fica e tchau". Terceiro, não confundir paixão com tesão, pode ser perigoso. Quarto, odeio ciúmes logo de cara, a gente ainda nem namora e já vai me perguntar onde eu fui e com quem? Pediu pra eu terminar. E quinto, infelizmente pra mim as coisas acontecem logo de cara, eu nunca passei a gostar com o tempo. Ou de cara já toca, ou não toca.


"I really do have love to give;
I just don't know where to put it."

-Magnolia

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O que eu ainda não te disse

“Há pessoas que transformam o sol em uma simples mancha amarela,
mas há aquelas que fazem uma simples mancha amarela o próprio sol!”
-Pablo picasso



Eu queria te mostrar as maravilhas de manipular digitalmente uma foto, e foi no photoshop que me veio essa idéia, como diria a Meredith "estúpida, brega, idiota, romântica".

Eu lapidava a foto como quem procura o melhor em algo que já era por si só uma obra. Era lapidar mais ainda,
não porque era ruim, mas porque cada vez mais poderia ficar melhor.

Além do que, eu participava. Espectador não é minha natureza real. Eu quero fazer algo.

Era assim. Eu sempre procuro isso: alguém com quem eu possa atingir o melhor, fazer mais e ajudar em tudo o que for necessário. Eu sei que eu sou esse, que tenta criar um local seguro para quem se relaciona comigo e que torce ou participa para que os planos não caiam no esquecimento ou na desilusão. É comigo que passaremos os melhores momentos da vida.

A metáfora caia tão bem que me causou um medo, uma tensão, em plena epifania da descoberta. Eu não sou só o garoto da noite passada, da balada do final de semana, do BlackXS, do bom dia. Eu sou na verdade o cara tímido, que perdeu o fôlego e a fala em tantos momentos, porque você me afetou. O que descobriu um furo na sua camisa, que as canelas suportavam a dor só pra ter aquele momento no sofá. Que te fez carinho pra te ver dormir e que ainda não sabe dividir o Trident de maneira segura para os seus lábios.

***

É urgente que eu preciso dizer que te enxergo. Consegui passar logo pelo externo e vi algo aí dentro, e ainda assim não te conheço, só sinto.

Esse sentimento ainda é bruto, iniciante, mas dá origem a uma força incrível, e é também desculpa para que eu perca muitos medos. Agora só sobrou o medo de não ter mais.
E o medo de te perder me fez uma pergunta: vai ser recíproco?

Mas o medo não vai me parar. Vai sim me fazer suar frio, tremer, perder a voz ou gagejar. Mas não vai me parar. Não vai.


Eu ainda apareço pra te dizer:







"I believe that we can be extraordinary together."










.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

É hora de gritar?

"Um primeiro grito desencadeia todos os outros."
-C. Lispector



São dias complicados, em que a gente simplesmente se pergunta o que se precisa para ser feliz. Só dois tipos de pessoas são felizes o tempo todo: Os tolos, que vivem de ilusão; e os maus, que vivem dos nossos prazeres.

Eu, que já fui feliz através do amor e da auto-descoberta, me sinto exaurido de paixões ou só me reinventando. Nada me convence.

Me dá um frio na barriga saber que eu posso ser bem mais. E eu tenho sido simplesmente tão ordinário...


É inverno, mas sinto que o frio começa aqui dentro.


"Mrs. Dalloway disse que ela própria iria comprar as flores".
- V. Woolf

terça-feira, 10 de junho de 2008

A Big, Big Trouble

"Vocês dois são loucos por se casarem.
Casamento destrói tudo!"
-Miranda Hobbes


(Não contém informações relevantes da trama do filme Sex and the City)


Ah, sim. Estavam todos esperançosos e contentes com a sinopse do filme que dizia "Carrie vai se casar com Mr. Big". Para o mundo, era como uma recompensa. Ela sofreu e lutou por esse cara durante seis anos, e finalmente o sonho dela virou realidade.

Menos para mim.

Primeiro que era o sonho dela, apenas dela. Era óbvio que um cara que já casou duas vezes não vai subir feliz ao altar na terceira, principalmente quando o casamento se torna muito mais um evento de moda do que uma celebração do amor.

Mas o que mais me incomodou foi o fato de que ela torcia para um final feliz e acabou por esquecer de todo o resto. Se essa mulher durante todo o seriado percorreu na alma de todos os relacionamentos, se questionou da necessidade de um homem para fazê-la feliz, aprendeu com todos os erros (e em seis anos acreditem, não foram poucos) e finalmente conseguiu fazer com que o cara da sua vida diga "Você é a única", pra quê tudo isso?

Só pra ela chorar mais um pouco.

Foi necessário regredir todos os ensinamentos anteriores pra criar um filme (e que eu amei), mas o fato de ela não ter aprendido a maior lição de todas me incomoda até agora.

A Carrie merece o Mr. Big sim. Merece casar com um cara que provavelmente está com ela fixamente porque está ficando velho demais e tem medo de terminar sozinho. Ela merece levar ao altar alguém que em seis anos disse mais a palavra "Desculpas" quando a traia ou quando terminava com ela, do que a frase "Eu te amo".

A verdade é que os roteiristas começaram a mudar no meio do seriado o personagem Mr. Big. Ele era, desde o começo, um cliché masculino. Ele era poderoso, poderia ter todas as mulheres que quisesse, mas não queria nada sério. Ele era o cara perfeito, porém inconquistável. Não tem mulher no mundo que possa ser a única. Carrie é tão bem enganada nessa trama que mesmo quando Big casa com outra mulher e a usa como amante, ele a faz a acreditar que não é apenas sexo, mas é porque ele a ama.

Quem garante a Carrie que ele não vai fazer o mesmo com ela?

Mas Carrie se ilude porque o ama. Mais pro final do seriado ele muda, mas nunca houve uma redenção ou epifania. Mr. Big de repente acorda que precisa de uma mulher fixa, e escolhe a Carrie. Só isso.

Sorte do Aidan, meu ex preferido dela e que nem aparece no filme, está para sempre livre de uma mulher em crise. Ele pode finalmente encontrar alguém de carne e osso, e não uma manequim da Dior.

Eu adorei o filme. Passei duas horas e meia envolto em sonhos e no glamour de New York e reencontrei minhas quatro amigas, que me fazem rir e me ensinam muito sobre sexo durante várias madrugadas da minha vida.

Só queria alertar que esse sonho é, na melhor das hipóteses, uma auto destruição. Ninguém que te faz chorar por seis anos pode ser o homem da sua
vida.


E fica a dica. Quem te traz seis anos de lágrimas, pode trazer muito mais.


"Eu amaldiçoou o dia em que você nasceu!"
-Charlotte para o Mr. Big

domingo, 8 de junho de 2008

Músicas e sentimentos

"A vida pode não ser a festa que esperávamos,
mas enquanto estamos aqui,deveríamos dançar."


Considerações finais:


Kissing a Fool, George Michael

Você está distante
Quando eu poderia ser a sua estrela
estranho que você foi forte o suficiente pra começar
Mas você nunca vai encontrar paz na sua mente
enquanto não ouvir o seu coração.

Pessoas.
Você nunca pode mudar o jeito que elas encaram os sentimentos
Melhor deixá-las fazer o que querem
E, pela vontade delas, se você deixar
Roubarão o seu coração.

Pessoas.
Sempre farão um cara que ama se sentir um otário.
Mas você sabia que eu te amei.

Nós poderíamos ter provado a todos.
Nós deveríamos ter visto que o amor persiste.

Enganado com lágrimas nos seus olhos
Coberto de beijos e mentiras
Então adeus

Adeus

Adeus

Mas por favor não leve o meu coração junto.

Você está distante
Quando eu poderia ser a sua estrela.
estranho que eu estava tão cego
a ponto de pensar que você me amava também.

Acho que você estava beijando um otário.


Você só pode ter beijado um otário...



Sobre o segundo Affair:

Faith, George Michael

Oh, eu acho que seria legal
Se eu tocasse o seu corpo
Eu sei que nem todo mundo
Tem um corpo igual ao teu

Mas é melhor eu pensar duas vezes
Antes de me entregar de coração
E eu conheço bem os jogos que você faz.
Porque eu também os faço.

Antes que esse rio
se torne um oceano
Antes que você jogue o meu coração no chão
Oh baby eu concordo que tenho uma noção infantil
Ok, eu preciso de alguém que me agarre
Mas eu vou esperar por algo melhor.

Porque eu tenho que ter fé.

Eu tenho que ter fé. Fé. Fé.



Sobre o último:

She will be loved, Maroon 5


Linda rainha de apenas dezoito anos
Ela tinha alguns problemas com ela mesma
Ele sempre estava lá para ajudá-la
Ela sempre pertenceu a outra pessoa

Batendo na minha janela, batendo na minha porta
Eu quero fazer você se sentir linda
Eu sei que às vezes sou meio inseguro
Mas isso não importa mais

Nem sempre é tudo arco-íris e borboletas
É o compromisso que nos leva adiante
Meu coração está cheio e minha porta sempre aberta
Você pode voltar a hora que quiser

Eu não me importo de passar o dia todo esperando
Sentado na esquina da sua casa no meio da chuva
Olho para a garota que perdeu seu sorriso
Pergunto a ela se ela quer ficar aqui um pouco mais.
E ela será amada

E ela será amada









segunda-feira, 2 de junho de 2008

Assim, tão depressa?



Eu senti o cheiro dos novos ventos há quilômetros de distância, mas hoje, hoje foi bem especial.

Pra começar, pela décima vez, me mudaram de horário no trabalho. Eu sei, parece grade da programação do SBT: eu não sei o que é horário fixo há oito meses. E ainda eu tive graves problemas com um supervisor que, sem o menor pudor, gritou comigo na frente de toda a equipe. E por quatro vezes.

Nunca havia acontecido isso. De repente me mudam de horário e, para a minha surpresa, adivinha quem será o meu supervisor? O pior é que eu realmente gostava dele, mas da última vez que ele gritou eu não consegui mais entendê-lo. O chamei para conversar, mostrei meu ponto de vista e aceitei as desculpas. Mas vamos encarar a verdade, eu não sei como vai ser de agora em diante.

E esse é um caso muito importante da semana. Eu exigi respeito pela minha imagem, quem disse que podem gritar comigo? Eu me senti envergonhado, e vergonha de que? Do meu trabalho? Da minha posição? De ser um terceirizado? Feriram bem onde dói mais aqui, faltar com o respeito comigo e sem motivo não pode. E se acham que vai poder, eu não vou ficar quieto. Eu levantei a cabeça e respondi com dignidade e tom de voz baixo porque eu sou eu, independente do estresse ou da ofensa, pelo menos eu sou profissional e sensato.

Então, hoje era o meu último dia de folga antes de toda a mudança e de encarar a nova situação. Sair da empresa às dez da noite com certeza vai afetar o meu ciclo social, minha mente, minha rotina e meus hormônios. Era óbvio que algo ia mudar, o que eu não previ foi que um dia antes tudo seria jogado de pernas para o ar.

Melhor eu digerir toda essa situação e escrever mais depois.

Mudança, sempre dizem que é bom.

Mas o mundo mudou tanto que eu fiquei desnorteado. Tonto. Perdido.

E amanhã, amanhã começa pra valer!

Sem mais teorias desta vez. Melhor viver e depois fazer aqui minhas considerações.

sábado, 24 de maio de 2008

Casos antes da parada

Se homosexualismo é uma doença,
vamos todos ligar para o trabalho e dizer:
"Alô. Ainda não posso trabalhar. Continuo sendo viado."
-Robin Tyler



Eu já estava desistindo da fila do McDonald's quando as duas se viraram e deram um beijo assim, em público, em pleno Aeroporto Internacional de Guarulhos. E olharam pra mim. Eu virei de vergonha, sei lá, sabe quando a gente olha fixamente e a pessoa repara? Sei é que bateu uma vergonha e me virei.

Virei bem a tempo de ver um homem musculoso coçando suas partes baixas e olhando pra mim com cara de "estou no cio". Com cara de tesão. E eu com cara de assustado.

Olhei surpreso em volta. Todos tinham percebido os dois fatos. O que aconteceu com esse lugar?

Ah, só podia ser, lembrei tranqüilizado: era a sexta-feira do final de semana da Parada Gay.


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-Olha! O Rafa!

E todos ficam curiosos e se viraram ao mesmo tempo, procurando ansiosos a tal pessoa.

-Quem?
-O Rafael Alencar!
-Nossa! Não acredito! Cadê"

Caminhando sábado na Paulista eu ouvi o diálogo e segui instigado. A minha direita um grupo de adolescentes tietes. Na minha esquerda dois homens vinham na minha direção.

Foi quando meu olhar cruzou com o dele. Mais baixo que eu,
exibindo pela camiseta regata um corpo muito malhado e olhos de uma cor que foto nenhuma consegue reproduzir.

O nome era fácil de decorar. Mais tarde a pesquisa do Google me apresentou o rapaz: Rafael Alencar é um ator pornô gay internacionalmente famoso. O Brasil exportando até nossos rapazes.

E isso explica a tietagem. Eu estava diante do cara da foto, alguém que muitos gays fantasiavam. Eu estava diante de um ícone pornô. De um gay muito cobiçado.

E ele olhou pra mim.

E sorriu.

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Como eu poderia dizer que ele mentiu?

Na noite anterior ele beijou um homem, bem do meu lado. Hoje ele diz aos héteros que queria comer "fulana" e que tinha medo de ir na balada tal porque tinha muito viado.

O pior é que eles, um por um, faziam isso. O preconceito crescia não diante dos que enojam dois homens juntos, mas da nossa própria hipocrisia. Não faz muito tempo que eu descobri que um dos mesmos, que tanto era contra "essa viadagem toda", havia ficado com um cara.

E eu me perguntei, o que eu tenho a ver com isso?

Afinal, quem tem a ver com isso?

Mas a imagem era muito poderosa. Se você fosse visto como hétero ou como gay fazia uma diferença incrível, independente das suas atitudes. Sempre foi o preço de morar em condomínio. A vizinhança é ampla demais, a quantidade de pessoas que você lida diariamente é imensa. E a crueldade delas, sem limites. Tem gente que simplesmente vive de fofocas.

E pouco a pouco a gente se prendeu numa armadilha contra nossas próprias imagens. Passaram a dizer então que se fulano beijou fulano, se eu ando com fulanos, fulano sou. Se eles se beijam e a gente convive, eu beijo eles.

O pior é que eu nunca fiquei com meus amigos e nem amigas. Pra mim essas coisas naturalmente foram separadas. Não é tabu, é realidade. Eu posso sair do apartamento deles às 4 da manhã, e a gente nunca ficou.

Mas quem vai acreditar? Afinal, se eles falarem de mim, evitam que falem deles. E hoje em dia, é bem mais sábio cruzar a rua e não cumprimentar o seu amigo gay do que sair por ai mal falado. Ao menos na prática era assim que eles agiam.

E, como a minha imagem estava manchada, pessoas começaram a me evitar. Se antes eram abraços, agora é apenas um discreto aceno com a cabeça.

E a situação foi piorando com o tempo, até o ponto que os ditos "amigos" começaram também a me evitar.

Eu fui perceber tarde. Vai todo mundo pagar um preço caro demais por um monte de
mentiras que ninguém acredita. Mas é melhor uma mentira mal contada do que uma verdade simples demais.

Quando a verdade é sem graça, ninguém acredita.



"Como pode, culturalmente falando, nos sentirmos mais confortáveis vendo dois homens segurando armas do que dois homens de mãos dadas?"
-Ernest Gaines

quinta-feira, 22 de maio de 2008

E finalmente ela foi a terapeuta

"Deus, se você não conseguir entender isso,
nós não vamos chegar a lugar nenhum.
"Ele está com a outra" significa que você está sozinha.
E você já se perguntou por que você está sozinha?"
-A terapeuta em "The Becoming"





-Você é uma pessoa que sempre desiste!

-Eu não desisti, eu terminei o namoro! E foi ELE quem estragou tudo, não eu.

-Sim, mas é um relacionamento, pessoas cometem erros.
E você esperou ele cometer um erro para então dizer: "Ahá, agora eu desisto"

-Nada a ver, já não estava mais indo bem quando isso aconteceu...

-Mas afinal, não seria a SUA vida que não estava indo bem quando você simplesmente deixou o amor da sua vida escapar?





-Ok. Quando você vai parar de sugerir que eu sou uma suicida?
-Quando você começar a agir como alguém que quer viver!

-A mesma terapeuta. Grey's Anatomy.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

E o tempo passou...

"É Melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão"


Os pesadelos desde então mantinham o mesmo símbolo para me apavorar: a altura dos objetos. A porta era gigante, o criado-mudo inalcançável e os corredores vastos demais; de modo que, mesmo sem me olhar, eu já sabia que voltei a ser criança.

E voltavam também todos os meus medos. Era uma criança que passou a infância praticamente sem cicatrizes. Jamais subiu em uma árvore porque era demasiadamente gordo. E se odiava por isso, enquanto o mundo mudava e os amigos já pensavam em namorar, era tão invisível a libido alheia que se trancava a tarde toda em seu quarto, apenas se escondendo de si e da reprovação do resto dos considerados normais.

Meses depois e quilos a menos finalmente se envolvera com alguém, não fisicamente, mas tudo em sua vasta imaginação. E foi aquilo que chamam de tragédia. Ela era o símbolo ideal de tudo o que ele perseguia, e todas as vezes que ficavam sozinhos havia a possibilidade do beijo, junto com a possibilidade da rejeição.

Eu passei seis meses tentando ler o sinal de que ela queria. Hoje essa história volta pra mim por uma lição muito maior. Se logo no primeiro mês eu tivesse tentado o beijo, na pior das hipóteses eu levaria um tapa na cara, choraria por algum tempo, mas isso me economizaria de vida cinco meses que eu fiquei preso a esse sentimento e a essa sensação de dúvida.

O momento certo, o sinal que você espera, a oportunidade perfeita. E a vida vai assim, passando desapercebida enquanto simplesmente nada acontece.

Meses perdidos, isso existe? Eu pensei então em não arriscar perder. Arrisquei em ganhar. Isso ao menos era certo, decidi arriscar só para saber se era melhor. tanta coisa acontecendo atirando para todos os lados sem a menor mira tem sim uma vantagem gigante: você perde o medo, porque se algo não der certo, ainda existe o plano B, o plano C, e tantos outros. Pela primeira vez admiti que focar foi um erro.

Dai os pesadelos voltam, e eu renego a minha sabedoria inteira e retorno ao meu estado mais frágil. Criança, com todos os meus medos a flor da pele.

Achei irônico. Por mais que eu siga em frente sempre a vida arranja um jeito de me mostrar quem eu era.

E agora, o medo de eu retornar a ser aquela criança se torna o maior incentivo para eu continuar sendo quem sou.


"A luz veio muito depois do trovão."
-
Dan Brown. O código Da Vinci

domingo, 18 de maio de 2008

Adiante

.

Sabe quando a mão se aproxima com dúvida da maçaneta que abre a porta para um mundo novo?

Olhei pra trás de relance, cheio de medo. E se eu voltasse agora?

Foi quando vi aquela figura humana indignada perante minha atitude, me condenando com um olhar de quem não acreditava que eu fosse desistir, e ainda citou Goethe em tom de pura ironia:


" Almejas voar mas temes ficar tonto?"

.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Placebo não é cura



"Odeio mulheres como você.

Você prende os caras, agindo como se sexo fosse um prêmio,
quando na verdade
só tem medo que quando der para ele,
ele vai perder o interesse!"

-Mctesão, o cara da foto
e o mais promíscuo de Grey's Anatomy.


Hoje foi um dia de conversar com um amigo, e ele bem abriu meus olhos para novas possibilidades. Eu confesso que tenho um puta preconceito sobre esse sexo ligeiro e sem nenhuma outra conexão com a pessoa. Mas agora esse tipo de sexo bate a minha porta sempre, vem embrulhado para presente e ainda diz: por que não?

Porque é só um alívio, não e a solução.

Apesar de conhecer bem esse tipo de pessoa na vida real, ficção ajuda a ilustrar sem citar nenhum nome conhecido.

E é lógico que eu devo citar Brian Kinney. Nem Samantha Jones de Sex and the City transou mais que ele. E ele exemplifica bem justamente pelo fato de ser uma lenda. Brian é o mais cobiçado, o mais estiloso, o mais rico, o mais esnobe. Muitos se sentem felizes apenas por se sentirem desejados
por Brian, mas não passa disso. Brian nunca é encarado como gente de carne e osso, é apenas um fetiche, algo para uma noite. E até ele deixa isso bem claro para a pessoa que se apaixona por ele:


"Eu não acredito em amor. Eu acredito em foder.
É honesto, é eficiente.
Você entra e sai com o máximo de prazer, e o mínimo de blá-blá-blá.

Amor é algo que os héteros inventaram pra conseguir transar.
E eles acabam machucando uns aos outros, porque tudo começou baseado em uma mentira.
Se é isso que você quer, então encontre uma linda garotinha... e se case!"
-Brian Kinney. O maior Manwhore de Queer as Folk.




É bem esse tipo de gente pulando na minha vida. O sonho de todo cara da minha idade, menos eu. Mas pára um pouco e pensa: por que eu me nego um alívio enquanto a solução não vem?

Hoje eu pensei bem nisso e só consegui chegar a uma conclusão.
Você pode levar Brian Kinney, Samantha Jones, Shane ou o McTesão pra cama, vai ser a noite da sua vida, mas depois, eles mal vão lembrar o seu nome! A resposta é que eu tenho medo de me apaixonar e ser abandonado. De me sentir um objeto.

Droga, por que eu sempre complico essas coisas tão básicas? Agir como alguém maduro nesse aspecto tem seu preço, e está cada vez ficando mais caro. Eu tenho 23 anos e sou desejado. Eu tenho preconceito contra os caras da minha idade que passam cada noite com uma pessoa diferente, mas talvez eu bem seja desse tipo. Ou talvez seja simplesmente uma necessidade.


Ok, eu venho falando que mudei, que estou mais forte. E a maior prova de que tudo isso valeu a pena pode ser bem essa, posso me jogar de cabeça sem medo de ser rejeitado. Quando você sobrevive a sensação de rejeição e abandono, você sabe que pode passar por isso de novo, e vai simplesmente sobreviver da mesma maneira.

Eu busco outra coisa, outra pessoa, outro relacionamento. Mas, e se demorar?



Placebo, você só descobre que não é a cura se tomar!


________________________________

"Sexo com amor é a melhor coisa da vida.
Mas sexo sem
amor, também não é mau!"
-Mae West

"Amor é a resposta.
Mas enquanto você espera por respostas, sexo levanta ótimas questões!"
-Oscar Wilde

"Então, "aquilo" é uma expressão física que o corpo foi feito para experimentar. E p.s: é fabuloso!
O que eu estou dizendo é que...
O cara certo...
E o lubrificante certo...
Hummm..."
-Samantha Jones, sex and the city

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Bancando o Aidan


No mercado de possíveis candidatos hoje em dia, é mais sábio eliminar alguns grupos de pessoas com determinadas características no primeiro sinal em que eles não cumprirem com as suas expectativas?
Ou há coisas que devemos tentar negociar?
Afinal, num relacionamento, quais são os motivos para pular fora?"
-Carrie, SatC


É, eu estava com essas dúvidas na cabeça há quase uma semana quando assisti o capítulo "No ifs, ands and butts" de Sex and the City.

Você conhece aquela pessoa maravilhosa, capaz de tirar o teu fôlego novamente. Mas tem aquele detalhe que você sabe, que mais cedo ou mais tarde vai tomar uma voz muito maior no relacionamento. É um detalhe que um dia vai se tornar fator principal para uma boa discussão. É uma característica que você não consegue lidar. E a pessoa justamente tem!

Vale a pena entrar num relacionamento quando você encontra logo de cara essa situação: alguém que tem todas as características que você procura e mais uma extra que você não faz a menor questão que alguém tenha?


No capítulo citado a Carrie conhece (mais uma vez) o cara perfeito, esse ai da foto, o tal do Aidan. Eles saem e é tudo maravilhoso mas, antes do primeiro beijo, ela puxa um cigarro. O cara torce o nariz e cai fora "Eu não me relaciono com fumantes". Pronto. Adeus Carrie. Pouco importa se você é essa mulher fabulosa. Ele vai atrás de outra que não fume.

Eu detesto ter que julgar alguém tão cedo, mas não me resta escolha. Quando a gente carrega uma cicatriz tão grande é muito difícil entrar de cabeça já sabendo da possibilidade de dar errado.


E é claro que podemos sempre ver pelo ponto de vista "EU tenho um problema com você, quem sabe EU não deva mudar". Ou que também eu posso chegar e oferecer essa proposta "Gostei muito de você, mas dá pra você parar de ......"?

Mas não é apenas um cigarro, e antes fosse. No meu caso é algo bem maior.

Por hora, eu decidi esperar mais um pouco. Quem sabe esse impacto todo que eu sinto quando te vejo não se transforma em outro sentimento? Eu não teria escolha senão entrar de cabeça nesse relacionamento.

Mas, se não rolar sentimentos, eu já decidi o que vou fazer.



" -Você escolheu continuar sendo fumante ao invés do cara?
-Ele nem era tão gato assim... Ele caiu fora por uma coisa tão pequena como fumar...
-Fumar não é tão pequeno assim. É nojento, e você está se matando!
Nós também odiamos.

Nós só deixamos isso de lado porque te amamos, mas agora você tem um bom motivo para parar!"
-Sex and the city. No ifs, ands and butts

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A importância do fim

"Quem planta uma árvore também não sabe se virá a enforcar-se nela"


"Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.

(Fernando Pessoa )


"There ain't gonna be no more beggin' you please
You know what I want
And it ain't one of these
-Aerosmith, falling in love (is so hard on the knees!)"

domingo, 20 de abril de 2008

O futuro já é esse.

"nem toda agua do oceano poderá encher um balde furado."


Que eu aceite isso.
Mais cedo ou mais tarde.
Mas simplesmente aceite.


"nem toda agua do oceano poderá encher um balde furado."

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Os dois diálogos desnecessários

(Falando com a ex)

Derek:
Dá pra parar de fazer o papel de vadia adúltera!?

Addison:
Você sabe que houve uma época em que você pensava que eu era a sua melhor amiga...

Derek:
Houve uma época em que eu pensei que você fosse o amor da minha vida! As coisas mudam!

Addison:
Derek, você ao menos já considerou que, mesmo que eu seja o diabo em pessoa e uma vadia adúltera, eu ainda possa ser o amor da sua vida?


_________________________________________________

(Após o término do namoro)


Derek: É imperdoável.

Meredith:
Eu não me lembro nem de ter pedido perdão...

Derek:
Então, quem é o próximo? Alex? Porque eu ouvi dizer que ele adora sair por ai transando. Vocês dois tem isso em comum...

Meredith:
Você não pode me chamar de vadia.

Quando eu te conheci , eu pensei que havia achado a pessoa que eu ia passar o resto da minha vida. Eu estava completa. Então todos os outros garotos e todas as baladas, quem se importa, porque eu estava completa.

Você me abandonou. Você escolheu outra. E agora que eu consegui juntar os meus pedaços e me refazer, eu não peço perdão pela maneira que eu escolhi consertar o que você quebrou.

Então, não me chame de vadia!


***

terça-feira, 15 de abril de 2008

Um brinde aos 23

E o que dizer desse meu aniversário, que tinha tudo para ser quase um funeral de mim mesmo e se tornou a maior celebração da minha existência?

Cheers, no tears!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Do porquê de eu ter voltado, e dito.

É difícil concordarem comigo.

Mas eu tive que voltar e dizer.

Tive mesmo.

Porque eu só posso sair dessa história sabendo que eu fiz tudo o que foi possível. Disse tudo o que queria ter dito. Demonstrei todo o meu sentimento e fiz expor todas as minhas fraquezas.

É muito fácil dizer "Eu te amo" quando se está bem ou quando se está junto. Só eu sei a coragem que eu tive pra reconhecer pra mim mesmo e depois para nós que essa é a verdade.

Agora há fatos suficientes para os dois tomarem suas decisões.

Só assim eu posso seguir em frente, aconteça o que acontecer.


quarta-feira, 2 de abril de 2008

O que eu mais queria.

Sabe quando todo mundo está bem? Está namorando, mas ainda deseja? Tem dívidas, mas ainda se diverte? Tem casa, mas dorme fora? Tem balada, mas fica na cama com a pessoa amada? Tem gula, mas oferece metade? Tem sono, mas fica acordado? Tem medo, mas se joga de cabeça?Tem preguiça, mas aparece? Tem problemas, mas está feliz?

É fácil demais saber o que eu quero agora. Difícil é saber o que eu devo fazer pra conseguir isso de novo...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Swimming


Não. Eu ainda sou do tipo que corre riscos. Que se entrega de primeira quando sente que pode.

E sempre assumi meus erros.

Saio do papel de espectador e entro na minha própria história.

Assim, e apenas assim eu me torno um ser humano.

Sendo completamente eu.


"A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos a ela."

segunda-feira, 31 de março de 2008

Esperançoso

Dói, mas não tanto quanto pensei que ia doer. Enfim, não é o fim do mundo, mas eu queria ser feliz por mais tempo, e isso colocou um ponto naquelas horas todas de felicidade.

Fazer o quê?

Tenho agora é que trabalhar com o que eu tenho. Só sobrou a mim mesmo. Hora de rever como anda minha mente e melhorar o que for possível.

É sempre bom saber das minha limitações, dos meus defeitos e onde estou pisando. As vésperas de mais um aniversário e eu tomo, de novo, a posição de "One Man Guy".

E eu ainda tenho tanta vida pra viver. Tantas pessoas pra conhecer.

Definitivamente não é o que eu queria, mas como eu não tenho escolha, eu me deixo levar a esse destino desconhecido.

E é incrível o quanto de força ainda existe nesse pós-adolescente de vinte e dois anos.

Bom mesmo é lembrar que minhas lágrimas secam por si só.

sábado, 29 de março de 2008

Um tempo.

Eu me lembro de estar me arrumando quando eu escrevi o depoimento que queria te fazer feliz e que estava feliz por sair com você. Eu estava radiante, tinha um brilho nos meus olhos que nesse março inteiro não teve, e tinha um sorriso que, deixa pra lá.

Dai que eu cheguei e as pessoas me viram e comentaram como eu estava, dava pra sentir que eu estava feliz. Eu lá, todo cheio de esperanças e com o coração cheio de coisas boas, e tudo para você.

Foi um dos olhares mais distantes que eu recebi.

Depois eu me lembro de você não olhando mais nos meus olhos, mudando repentinamente de assunto, compras no mercado, e então o final.

Nós, lá fora. Uma conversa demorada porém de poucas palavras e longas pausas, nenhum olhar e poucas explicações.

Muito de mim morreu nessa sexta feira.

Quando eu te perguntei se o meu amor não era suficiente, o silêncio falou tudo o que eu jamais queria ter ouvido.

Dói muito. E essa dor, essa dor hoje só você pode acabar.

.

E agora?

Dai que dizem: Ora, vive! Você viveu 22 anos sem isso.

E eu digo: Eu não vivi, eu sobrevivi. E voltar a sobreviver depois de aprender a viver é no mínimo impossível.


.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dogmas

Eu sou uma pessoa assim e vai ser muito difícil mudar.

Eu me sinto feliz fazendo alguém feliz.

E nada pode me fazer mais feliz quando alguém tenta me fazer feliz.

É por isso que eu amo.

Quero te fazer feliz.

Por favor, jamais permita que eu tire o sorriso do seu rosto.

Mais do mesmo

"And I hurt myself
by hurting you."

Daí que eu resolvi tentar e acreditar.

Sim, isso é bem mais uma decisão do que algo natural. Ou se olha pra frente tendo sempre o incômodo do que passou e rezando para que não aconteça de novo, ou se elimina todas as possibilidades e pára, inclusive as possibilidades de dar certo. Nas duas hipóteses é tudo muito artificial, você tem que matar um pouco de toda a história para tomar a decisão convicto, e isso não é bom.

O que eu não posso esquecer, e suspeito que não vou conseguir tão cedo é o que eu li. Eu me lembro da frase: "É, eu imagino como deve ter sido pra você ter lido aquilo." mas eu acho que foi tão íntimo e tão forte que eu duvide que alguém entenda. É bem mais do tipo "ou você já sentiu isso antes, ou só vai entender quando sentir ."

E eu espero que nenhuma das pessoas que eu amo passe por isso, sinta isso. Agora eu entendo a metáfora do "dói muito". Porque até então sentimentos negativos eram pra mim bem mais um esgotamento, o fim da esperança, o fim da crença, que eu simplesmente me sentia nos meus piores momentos derrotado e com vontade de desistir.

Não naquela sexta. Pela primeira vez eu experimentei o sentimento de rejeição plena. Dói ser você mesmo, dói ser rejeitado e dói de verdade, fisicamente falando.

Mas isso fica para um outro post, quando eu tiver coragem de me encarar nos olhos e medir com exatidão o estrago que isso causou na minha alma.

Por hora, eu decidi acreditar mais uma vez. E felizmente tem dado certo. E eu estou melhor.

domingo, 16 de março de 2008

Fugaz

Uma das questões mais recorrentes nas vidas que me cercam e que só agora deu as caras na minha nova vida: até quando a gente deve confiar ou esperar que uma pessoa mude?

Se eu soubesse a resposta, eu provavelmente escreveria um best seller. Errar nesse feeling parece terrível: desistir de uma pessoa com potencial, especial, que você sente os melhores sentimentos do mundo e que você sabe que poderia corrigir um erro que faria toda a diferença não é fácil.

A mudança vem de uma maneira muito inesperada. Às vezes sofremos e prometemos mudar para nunca mais sofrer do mesmo problema. Mudança também pode ser obrigatória, o mundo exige uma nova postura e se você não se move acaba perdendo algo de muito valor.
Em outros casos a gente simplesmente fica com essa pulga atrás da orelha, acorda um belo dia e decide aceitar o desafio. Raro mesmo é alguém chegar, dizer que é a hora e você aceitar.

Como então despertar essa fagulha nos outros? Eu tento criar uma epifania com palavras. Eu digo, eu mostro e dito todo o caminho. Recebo um olhar de que está dando certo, mas é completamente temporário e artificial.

Mas eu ainda acredito. E muito.

Daí que eu espero.


E continuo esperando.



Ainda esperando...





Quem de nós vai colocar um ponto final nisso?


"I know that I should take my friend's advice
'Cause if it happened once, you know it happens twice
If there's a chance then I know I've got to try
I'll make him dance with me, I'll make him tell me why"
-Pretender, Madonna

Cheers

Para um casal de amigos meus, recém casados:

Em tempos a gente descobre que o que importa não é desejar felicidade eterna.

Mas sim desejar que nos momentos difíceis você tenha uma pessoa especial ao seu lado pra te dar apoio, e lembrar que quem é capaz de sofrer hoje também é capaz de ser feliz amanhã.

Parabéns então pela escolha. E que o amor sempre prevaleça.

Que daqui há 40 anos vocês contem aos seus netos que tiveram a vida que sempre desejaram ter. E que amar vale a pena.


Tudo de ótimo pro casal.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Orkut

Ah, o meu olhar...

De longe é uma cor só. De perto é aquele mosaico, quebra-cabeça de peças multicoloridas que formam uma realidade. Mas nessa realidade tem tantas outras inseridas. Nem eu sei de todas as cores que compõe meu olhar. E eu já o conheço há quase 23 anos.

Meus olhos são os mesmo, mas meu olhar muda constantemente.

você ainda pode ver aquele sorriso e alegria alienada, a parcial inocência do novato adulto e também um certo tom de melancolia provindo de tantos fatos que esses anos todos contam.

Ah, e olhando nos meus olhos você também pode se ver.

Mas você nunca, jamais vai ver o mundo como eu vejo.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Caged bird (Wonderfalls)

You said let it go.

Guess what?


Let's let it go.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Insaciável

Terceiro mês. E eu continuo achando que esse tipo de discussão é importante. Se um dos dois não está bem, ou poderia ser melhor, não é amoral lutar pela sua felicidade.

Relacionamento é assim, às vezes a gente erra a mão e se descuida por um tempo. Tem dia que tudo o que a gente precisa é se ver, se sentir. Em outros a gente deixa tudo entrar na frente e acaba esquecendo que o bem estar pode estar em apenas um telefonema, à dois ônibus de distância, ou a uma hora de diferença.

É por isso que esses detalhes incomodam, porque não são detalhes. Se uma mensagem pode mudar o meu dia, imagina o que uma viagem a praia pode fazer conosco?

Ainda sobra o gosto agridoce do poste debaixo, eu admito. Não pelas desculpas nem pelas lágrimas. Fica é um pouco do que poderia ter sido e não será. Eu não fui a praia com você significa também que você não foi a praia comigo. Nada de pôr do sol juntos. Nada de uma casa só pra nós por um dia. Nada de conversas fúteis na ida, nada de ficar abraços na volta. Nada de mergulhos libertadores, abraços relaxantes e beijos apaixonados, nem chinelos cheios de areia, nem mesmo vão me perguntar como foi minha folga pela marca do sol porque eu continuo branco.

Mas a gente acaba se apaixonando de novo. Sempre. É só esse olhar, é só essa presença, essa energia toda e tudo começa do zero. Meu mundo faz mais sentido com tudo isso. E tudo isso faz parte.

Quem me conhece sabe que eu estou melhor, sabe que eu ainda quero. Meu erro foi desejar mais. E pasmem, eu vou continuar errando. Desejando. Querendo. Pedindo. Perdoando.

Só não aceito e nem me conformo, porque mais felicidade não é pedir muito. E é completamente possível.


"I just need a little of your time
A little of your time
To say the words I never said
Just need a little of your time
A little of your time
To show you that I am not dead

Please don’t leave, stay in bed
Touch my body instead
Gonna make you feel it
Can you still feel it?"



sexta-feira, 7 de março de 2008

Agridoce

"Eu estou chorando agora!
O que foi que você fez?
Eu pensei que seria divertido..."
-Just like a pill, Pink


Eu preciso me controlar um pouco mais, mas não consigo. Eu não vejo os meus amigos, mas vejo todos os seus. Eu não vejo minha família direito, mas convivo com a sua. Eu me sacrifico, mas raramente te faço derramar suor por mim.

Eu não sei jogar. Na verdade eu até sei, mas não consigo. Se eu começar a demonstrar uma indiferença apenas para chamar a atenção não seria típico do meu modus operandi. Quando a gente começa a usar todo o tipo de artifício pra prender a pessoa amada a gente na verdade tem vergonha de admitir que alguém não está mantendo mais o compromisso como deveria. Pra mim pode até ser mais doloroso expor a minha carência do que começar um jogo de ego, e no entanto eu ainda prefiro colocar as cartas na mesa.

Quem lê esse blog sabe que eu mudo. Meus amigos sabem que eu mudo. E só há uma forma de você me perder hoje. Se eu mudar. Se eu me adaptar a sua falta, se eu me adaptar a essa constante estranha forma de priorizar tudo menos eu.

Então, que eu não me adapte ao seu celular sempre sem bateria. Que eu ainda sinta vontade de te ligar e você atender. Porque se eu desistir de te ligar...

E que eu não me adapte ao fato de você sempre dar um jeito de ver os outros e o que sobrar da sua folga é meu. Que eu ainda fique na esperança de que um dia você simplesmente me ligue dizendo "Hoje é minha folga. Vamos ao cinema, eu não aceito um não". Porque se eu me acostumar que nas suas folgas você só vê os outros...

Que eu jamais me adapte ao fato de que você sempre marca alguma coisa comigo, esquece e quando te lembro você diz que não dá mais porque já tem algo marcado. Porque no dia que eu parar de marcar compromissos com você...

Eu juro que eu não quero que isso aconteça. Mas ao mesmo tempo, eu queria que isso nem fosse necessário. Eu te quero mais que tudo. E sei que você quer.

Mas existe uma diferença entre querer e batalhar por isso. Que você tenha capacidade de entender isso antes que seja tarde demais.

Agora são três da madrugada e você dorme tranqüilamente enquanto eu penso em tudo isso.


quinta-feira, 6 de março de 2008

Presente de Canato

My Fatal Flaw, by Ephram Brown


The more things change, the more they stay the same. I'm not sure who the first person was who said that. Probably Shakespeare. Or maybe Sting. But at the moment, it's the sentence that best explains my tragic flaw: my inability to change. I don't think I'm alone in this. The more I get to know other people, the more I realize it's kind of everyone's flaw. Staying exactly the same for as long as possible, standing perfectly still... It feels safer somehow. And if you are suffering, at least the pain is familiar. Because if you took that leap of faith, went outside the box, did something unexpected... Who knows what other pain might be out there, waiting for you. Chances are it could be even worse. So you maintain the status quo. Choose the road already traveled and it doesn't seem that bad. Not as far as flaws go. You're not a drug addict. You're not killing anyone...
Except maybe yourself a little. When we finally do change, I don't think it happens like an earthquake or an explosion, where all of a sudden we're like this different person. I think it's smaller than that. The kind of thing most people wouldn't even notice unless they looked at us really close. Which, thank God, they never do. But you notice it. Inside you that change feels like a world of difference. And you hope this is it. This is the person you get to be forever... that you'll never have to change again.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Único

Delimitei meu próprio espaço em minha alma. A gente é tão vasto, tão complexo, que se não se cuidar acaba é sendo nada. Limitar-se é perigoso, mas não definir-se tem sido o meu principal erro.

Não adianta viver no território livre quando tudo o que você quer é uma desculpa para não odiar nada: nem em si, nem nos outros. Falta de opinião e direção não podem ser confundidas com pacifismo. Cada coisa e cada pessoa tem o seu valor, e se você tentar tratar tudo e todos por igual, vai acabar perdendo o valor do que realmente importa.

A vida não é preto no branco, existem milhões de nuances. Mas tanto cinza tem me embrulhado o estômago ultimamente.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Compadecido com o meu olhar

-A loucura dele... A loucura dele o mantém são!"
-E você acha que ele é o único, minha irmã?"
Delírio e Sandman.


Eu fico um pouco ressentido disso tudo. Sei lá, parece que eu sempre vou ter esse tipo de medo. Eu sempre aposto que a vida vai ser tão cruel como sempre foi. Que mais cedo ou mais tarde eu perco.

Meu mais novo mantra é aquela citação da Clarice "E se eu me perder, eu te perco" então eu fico aqui, me agarrando como posso no que resta da minha sanidade, tentando resolver problemas internos tão complexos como se fossem uma simples decisão fútil.

Eu confesso que é algo muito maior do que eu posso suportar, que meus problemas familiares ainda me desestabilizam de tempos em tempos e que o meu futuro sempre parece ter algo de errado.

Minha única certeza hoje é você. Meu único desejo real hoje é você. E se eu me perder em meio a tudo isso, eu sei que vou te perder.

Mais um pouco de força. Mais um pouco de serenidade. Mais um pouco de compreensão. Antes que seja tarde demais, eu preciso juntar todos esses pedaços de mim e provar pela milésima vez que eu posso sempre dar um passo a frente. E um pouco de sorte: de que adianta eu me moldar em um ser melhor se o mundo não muda comigo?

Hoje choveu, e eu tive vontade de chorar sozinho.


"If only I don't bend and break
I'll meet you on the other side
I'll meet you in the light
If only I don't suffocate
I'll meet you in the morning when you wake"
-Keane,
bend and break

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Reflexão

"Freqüentemente aproveitamos do conforto
de uma opinião sem o desconforto do pensamento."

-John F Kennedy


Influência.

Se te perguntarem quem te influencia, mesmo respondendo coisas como "meu pai", "John Lennon" ou "Dostoievsky", você ainda pode muito bem ser alvo de milhares de influências até então imperceptíveis. Se você não beijou alguém no portão do condomínio porque o porteiro estava de olho, acorde: o porteiro te influencia.

Milhões de fatos como esse passam pelos nossos olhos diariamente. Pessoas ordinárias podem sim ter um impacto brutal em nossas vidas, podem nos fazer desistir de momentos mais serenos, mais naturais, em prol de mantermos uma postura.

Toda essa pose desnecessária, toda essa preservação de uma postura idiota não nos leva a lugar nenhum. Eu percebi a pouco tempo que a maioria das pessoas que eu tinha medo que pensassem mal de mim e que criassem uma imagem minha amoral já tinham essa imagem pronta e dita como verdade desde o dia em que me viram pela primeira vez. independente dos meus atos todos amam julgar, e o mais rápido possível.

Pessoas conservadoras são um perigo diário, e quando menos percebemos estamos cercados pelos seus olhares e comentários preconceituosos. Eu não digo façam o que quiser, e esta deverá ser a lei. Eu quero é que se tome mais cuidado quando se abdica de um daqueles momentos mágicos apenas por influência de pessoas ordinárias, porque esses momentos podem custar a se repetir. Lembro-me sempre do "
Para evitar críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada."

A gente já se priva tanto.

No mais, quando praticamos esse ato de auto-censura estamos é assumindo que existe um meio certo de agir. E que nunca é o nosso.



"Deus meu, se a gente não se guarda, como nos roubam!"
-Clarice Lispector

O espelho

"Todos amam as suas mentiras, menos você."


Então é isso. Puro, completo e intenso.

Esse sou eu, e nada anterior. Isso tudo é a minha vida, e não outra. Esses sentimentos são meus, e eu não me privo mais deles.

Essa é a minha verdade. Se é que já existiu uma mentira.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A Anatomia do Amor

For a lonely soul it seems to me
you're having such a nice time
-Nothing in my way, Keane.


Meredith Grey. Eu acompanho a vida dessa mulher durante quatro temporadas. Seus relacionamentos, seu medo de se entregar e confiar, seus dramas familiares e sua obsessão pela medicina. E, em cada fase da vida dela, uma lição nova pra mim. Eu aprendo muito com Grey's Anatomy.

O que essa mulher me ensinou de mais importante tem a ver com relacionamento. Primeiro, Meredith (infelizmente) sabe diferenciar bem o amor do ato de relacionar. O fato de você amar uma pessoa e ser amado não significa relacionamento saudável, não significa necessariamente final feliz. Amar é espontâneo; já relacionamento, namoro, exige bem mais.

Meredith: Ok, você pode dizer o que quiser pra mim agora.
Derek: Eu quero casar com você. E quero ter filhos com você. Quero construir uma casa. Quero me estabilizar e quero envelhecer com você. Quero morrer aos 110 anos, em seus braços. Eu não quero apenas 48 horas ininterruptas. eu quero uma vida inteira.
[Meredith dá um passo pra trás]
Derek: Humm. viu o que acontece? Eu digo coisas como essas, e você luta contra seu instinto de correr na direção oposta. Tá certo. Eu entendo. Você é apenas uma iniciante e eu já tenho feito isso por um bom tempo. Lá no fundo, você ainda é uma estagiária, você não está pronta...

Meredith vive fugindo. A cada passo que o seu homem dos sonhos dá para avançar ela foge. Muita coisa tem dado errado na vida dela ultimamente, mas ao invés de se apoiar no seu homem ela se isola e prefere sentir toda a dor sozinha. Mãe com mal de Alzhimer, pai alcoólatra que a abandonou, meia irmã que rouba espaço, tudo faz com que ela desacredite no amor. Meredith não vive, não aproveita, ela sobrevive como pode, usando o trabalho como válvula de escape e sexo como forma de prazer. Derek, o homem dos seus sonhos até tenta um namoro, mas ela não.

Meredith: eu... Hummm...
Derek: Você ainda não está pronta pra isso.
Meredith:
Não.

Derek:
E eu exigi demais.

Meredith: Acho que sim.
Derek:
Então, é isso?

Meredith: Sim.
Derek:
Nós estamos terminando?

Meredith: Nós estamos terminando!

Se perder no meio dos problemas é sempre uma opção. Sentir a dor como se nunca fosse curar, como se o mundo não desse voltas, acontece o tempo todo. Perder-se em meio a vida é a forma mais fácil de se perder um amor.

E o medo de se entregar mais ainda também. Ela se vê como uma garota Hardcore que quando precisa de um homem ela tem, mas sem jamais se envolver.
Derek quer casar,
Meredith quer transar.
Derek
quer morar junto, Meredith quer um lugar para transar.
Derek quer uma companhia para o resto de sua vida, Meredith quer cada vez mais sexo.
A primeira vista pode parecer que falta sentimentos, mas não falta. Ela o ama, mas se contenta em tê-lo por algumas horas. Só assim ela pode ter a pessoa amada sem o peso de responsabilidade alguma e sem o risco de se magoar.


Pior que decifrar Meredith Grey, seus medos e seus traumas é descobrir que, na realidade, a culpa é toda do Derek. Foi ele que desde o princípio escondeu dela fatos sobre o seu passado que a decepcionaram (na realidade decepcionaria qualquer um, não conto o que aconteceu caso alguém ainda não tenha assistido). Derek mentiu, justamente quando ela tinha decidido viver esse relacionamento, ele cometeu o erro mais fatal de todos.

A mentira ou a omissão sempre rodeiam um relacionamento. Todos acreditam que se esconderem uma coisa aqui ou relevar um fato ali será mais saudável. Percebam: quando a verdade vem a tona é sempre assim que se perde a esperança. É quando a gente acorda e vê, de verdade e por inteiro, a pessoa que está dormindo ao nosso lado.

Faltar com a verdade pode ser irreversível, essa é a maior lição de Mere
dith Grey. Amar apenas as qualidades é fácil, mas com o tempo se descobrem os defeitos. Jamais esconder nada tem dado tão certo, porque quem ama de verdade ama por inteiro, e juntos podemos mudar em nós o que for necessário. Amor transforma.

Estar com alguém que não consegue lidar com as suas verdades jamais vai dar certo. E num relacionamento, nenhuma máscara dura pra sempre.


Meredith: Eu não quero que você saia com outras pessoas. Eu posso não ser suficiente pra você, mas eu estou tentando melhorar, então eu não quero que você saia com outras pessoas além de mim. É isso. Exceto, eu te desejo tanto que me assusta mas, de qualquer maneira, aqui estou eu te desejando. E o medo significa que eu tenho algo a perder, certo? E eu não quero te perder.