terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Completo

As pessoas têm um medo absurdo do que está acontecendo. E às vezes nós também. É tudo tão fulminante, tão recente e tão intenso que muitas vezes ouvimos ou sentimos uma ponta de dúvida. Existe a possibilidade de uma compatibilidade extrema ou tudo não passa de um famoso amor de verão?

Eu sinto algo forte. O que de verdade me fez apaixonar não foi a perfeição ou a ausência de defeitos. Não, foi o fato de que todos os seus defeitos eu consigo lidar. E isso é estranho, a primeira coisa que eu faço é listar todos os problemas corriqueiros da pessoa e logo dizer "Não vai dar certo". Eu não consigo fazer isso. E eu sei das suas limitações, mas posso perfeitamente continuar ao seu lado. Logo, um sentimento surgiu dai.

E esse sentimento não exige. Sem dar nomes como paixão ou amor, eu sinto uma vontade de te fazer feliz, porque você me faz feliz. Eu sinto uma vontade de te beijar quando te olho porque eu me sinto desejado quando você me beija. Eu quero conversar com você porque o papo flui, e não são apenas assuntos bestas ou maduros, a gente varia. Eu te desejo e o seu toque demanda mais. Eu gosto de sair com você porque a gente se diverte e não precisa de muita coisa.

Eu te valorizo com sabedoria: nem mais, nem menos. Eu do dia em que acordei e olhei pro lado, fiquei te assistindo dormir. Ri um pouco, nem acreditava no que estava acontecendo. Me lembrou Grey's Anatomy. Bom demais.

E em nenhum momento eu me sinto preso a isso tudo, eu não me sinto viciado em você ou nem iludido. Eu me sinto seguro, a gente avança a passos largos e você me abre um mundo cheio de possibilidades, de pessoas interessantes e simpáticas, e de experiências únicas e gostosas.

As cartas estão na mesa agora. A minha inexperiência só nos atrapalha em um assunto importante do relacionamento, mas me tranqüiliza depois do que rolou hoje de manhã, uma amostra de que dá pra resolver isso e de que eu consigo me soltar também. Eu quero dar o próximo passo.

Eu não me perdi nesse sentimento e também não te inventei. Eu também não criei uma imagem que idolatro. Não. Eu sei muito bem onde estou pisando e onde estou criando raízes.

No mais, a gente também tem uma consciência de que as coisas são perecíveis sim, de que uma hora tudo acaba. Mas é ai que eu sinto minha maturidade aflorar: eu aproveito cada segundo. Tudo tem valido a pena.

E ao seu lado, e apenas ao seu lado, sinto que cada segundo conta.


"Em algum ponto a gente tem que tomar uma decisão. As barreiras que impomos não conseguem manter as pessoas longe, mas acabam por prender a gente. A vida é feita dessa bagunça mesmo. Então você pode gastar sua vida criando barreiras ou pode viver atravessando elas.
Mas há aquelas perigosas demais pra se atravessar. Sobre barreiras é isso que eu aprendi: se você tiver coragem de arriscar atravessar, a visão do outro lado é espetacular!"

-Meredith Grey.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Such Great Heights

"How do you do it?
Make me feel like I do.
How do you do it?
It's better than I ever knew. "



Então tudo isso foi necessário. Alguém teve que me convidar e não ir, a bateria do celular acabar pra eu não saber, mas eu precisava estar lá. Tinha que ter dado errado terça pra eu ter que seguir em frente quarta e sentir que precisava fazer isso. Tive que dizer não três vezes pra te encontrar depois. E, mais importante, tive que continuar no momento em que eu pensava em desistir.

Tudo não passa de uma série de absurdas coincidências, minuciosamente encaixadas que culminaram nisso: você.

Eu não sei o que se segue. O mais importante foi aquele momento, aquela sensação. Tudo o que eu procurava estava ali, eu havia encontrado. O que mais me marca é isso: existe, então vale a pena viver porque uma hora acontece!

Eu poderia eternizar aquela sensação dentro de mim, tal qual em "O brilho eterno de uma mente sem lembranças", minha felicidade plena existiu em um determinado tempo, que poderia ser eterno.

Sejamos sinceros, o que tiver que acontecer vai acontecer naturalmente.
Mas que fique registrado: eu fui feliz. Você me fez feliz. E pode fazer bem mais.


"A eternidade é o estado das coisas neste momento."
-Clarice Lispector.




domingo, 9 de dezembro de 2007

About me

“When you're young, your whole life is about the pursuit of fun.
Then, you grow up and learn to be cautious. You could break a bone or a heart.
You look before you leap and sometimes you don't leap at all because there's not always someone there to catch you. And in life, there's no safety net.


When did it stop being fun and start being scary?”


-Sex and the city

Glamour na Babylon

“Women need a reason to have sex.
Men just need a place.”
-Billy Crystal


Vez ou outra eu quebro a rotina. Eu experimentei ir na tão falada The Week International. O glamour realmente surpreende. I was Lovestoned. É como uma droga: um mundo fascinante e falso se abre todo pra quem busca o escapismo. Funciona. E é maravilhoso.

A beleza é de encher os olhos. Marcas famosas (e caras) desfilam em corpos perfeitos, sorrisos maravilhosos estampados muitas vezes com Special K e euforia às vezes produzida pelo pó ou bala, você se sente imerso em um mundo onde tudo é lindo e prazeroso. A sensação de se entrar num catálogo de moda é única.

A música é um capítulo todo a parte e o Dj internacional Luis Erre fez jus ao preço do ingresso. Não ouve um momento em que o público parou ou uma música sem estilo e sem graça. Tudo perfeitamente preparado para que eu não saísse da pista de dança.

O setlist também refletia o tema da noite, Babylon. Era nítida a impressão de copiar todo o frisson da famosa balada de Queer as Folk.

E funciona. A qualquer hora inclusive você se depara com Brian Kinney's lifestyle. Descamisados para exibir corpos esculturais, jeans que custam metade do meu salário, tatuagens perfeitas ajudavam no look fashion e olhar sempre blasé. Dancei na pista com um desses grupos e achei estranho como os entorpecentes estavam lá apenas para elevar uma emoção ou sensação, muito natural e nada exagerado como eu tinha visto em outras baladas noite a fora.

Não era nenhuma surpresa que o estilo Brian também definia como eles encaravam a sexualidade. Mas afinal qual balada não é assim? A diferença é que é mais disputado mesmo, é mais parecido com as disputas de atenção retratadas em QaF. Se exibir é a única solução:
qualquer um pode subir nos spots dos go go dancers e os melhores são disputados no tapa. Aqui não existe bota e nem delicadeza : se não querem algo, dão logo um carão.

Nenhuma briga, nenhum escândalo, ninguém passando mal, limpo (inclusive o banheiro) e fila organizada até na hora de pagar. The week é um absurdo de qualidade e bom gosto. É pra quem procura e exalta a beleza e ao mesmo tempo quer se jogar na pista. Como balada não apenas cumpre o papel, mas me estabeleceu um novo padrão de excelência. Até eu parti um ou outro coração, mas se você não aguenta a forte concorrência, melhor ficar em casa assistindo DVD de Queer as Folk.


“Sex appeal is fifty percent what you've got
and fifty percent what people think you've got.”
-Sophia Loren



“Love is the answer, but while you are waiting for the answer sex raises some pretty good questions”
-Woody Allen

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Calvin & Hobbes


“-You can't just turn on creativity like a faucet. You have to be in the right mood.

-What mood is that?

-Last-minute panic.”

Psicosomático

"O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram? Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como gostamos de pensar. Mas não é o que acontece, é? Algumas coisas nós apenas temos que aprender de novo, e de novo, e de novo... "

-Meredith Grey, Scars and Souvenirs

Antigamente era tão bom ficar doente. Eu faltava na escolinha, minha avó fazia a melhor sopa que já provei e ainda tomava AAS infantil com gosto de bala.

De tarde na minha casa aconteciam coisas que eu não poderia imaginar. Os sofás eram empilhados e de dentro do balde vinha um cheiro que era o cheiro das coisas, o cheiro da casa inteira estava alí. Eu era levado de um lado para outro, e acabava invariavelmente ficando trancado no quarto brincando de Lego.

E lá era o meu mundo. Eu construia, criava e demolia. Tinha histórias também. Quantas vezes esse bonecos não imitavam todos os meus heróis em missões absurdas?

Por volta das quatro da tarde eu ouvia a batedeira e corria pra cozinha. Dava pra raspar a tigela da cobertura de chocolate do bolo de cenoura. Por mim eu dispensava o bolo e só ficava com a cobertura e ainda trocava o pedaço de bolo pelo Yakult do meu irmão. Podia ser o doce que for: nada me fazia mais feliz que um Yakult.

Dai vinha o Nescau, final de tarde em frente a tv assistindo seriados japoneses.

Mais a noite chegava meu pai, e ele sempre fazia festa. Trazia consigo pão fresco ou alguma coisa da padaria, só podia comer depois da janta. E depois da janta não sobrava muita energia, eu capotava no sofá mesmo.

Hoje em dia um dia doente parece que de nada tem de diferente ou especial, parece que é uma obrigação da vida se estar bem e perfeito, acordar disposto. Eu fico pensando quando eu vou ter o divino direito de acordar e não precisar fazer absolutamente nada, simplesmente ficar na cama.

Nenhum dia chuvoso me serviu mais de inspiração. E às vezes eu sinto falta disso, acordar com o barulho da chuva, olhar pra janela e voltar a dormir.


“I love walking in the rain,
'cause then no-one knows I'm crying.”

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

The L word

Did I mess everything up?
I'm sorry, it's just that you make me so happy
and that's not a very familiar feeling, you know?
-Dana, The L Word.

Porque eu estive pensando no título do seriado, e fui bem além da palavra lésbica.

The L Word:

Lonely Precisar de alguém para se completar é no mínimo colocar no próximo a responsabilidade pela nossa felicidade. Mas é fato: a gente acaba mesmo se identificando com as pessoas. E quando a gente menos espera, acontece.

Love. Taí uma palavra que eu não conheço. eu ainda não sei o que é amar um outro ser em sua plenitude, em todos os detalhes, amor feito protagonista de filme eu nunca tive. Mas eu gosto de um quote que diz:
“Love is just a word until someone comes along and gives it meaning.”

Let it go! Convenhamos, o passado é terreno seguro. Nós imaginamos como tudo seria se tivéssemos mudado o curso das ações e tudo faz total sentido.
O passado é a maior armadilha da vida de uma pessoa. É tão comum o apego as coisas que já foram, a dores tão familiares. Por que alguém abandonariam uma dor que sabe o tamanho que tem e sabe a intensidade em troca de algo no futuro que pode ser tão pior?

Lie A vida é feita de mentiras. Muitas vezes mentimos porque a verdade dói ou porque é mais fácil conviver com a mentira. O problema é que transformar tudo aos olhos do mundo em um conto de fadas tem um preço.
Essas mentiras consomem, é do tipo que suga todas as nossas energias. No mais, ultimamente eu acho que ninguém mente pra preservar o próximo, a gente mente porque alguns minutos a mais de paz no nosso dia supostamente deveriam valer a pena.

Live E tudo não passa de uma desculpa para seguir em frente. Todas as nossas paixões e sonhos é que fazem a máquina continuar. É o único motivo pra alguém não cometer suicídio.
Nós esperamos que aquela felicidade possa ser nossa. E quem sabe um dia não será?


“If death meant just leaving the stage long enough to change costume and come back as a new character...

Would you slow down?

Or speed up?”

-Chuck Palahniuk

sábado, 1 de dezembro de 2007

In which words Betrayed Roque

"E o inferno não é a tortura da dor!
É a tortura de uma alegria."
-Clarice.

In which words Betrayed Roque (by saying the truth)

Sim, muito prazer é ruim. Como uma fruta que fica no auge do doce e apodrece, tudo uma hora acaba. Eu me lembro de ter sido abandonado pela pessoa que mais me amou, jamais esqueci como as pessoas que me juraram amor eterno me traíram e também nunca superei o fato de os meus melhores amigos terem se mudado para longe.

Parece que quanto mais eu me apego às pessoas, mais a vida faz o favor de nos separar. O pior é que quem não presta é sempre uma constante na minha vida. Eu já desisti de odiar muita gente porque elas sempre voltam, e eu sempre sou obrigado a aprender a conviver.

E eis que chega o aniversário da Ana. Ana e eu poderíamos ter mudado toda essa história. Desde que o mundo é mundo a gente mora próximo, a gente se entende e se ama. A amizade dela vale a pena. E depois de um semestre cheio de excelentes momentos eu me distanciei.

Não dava pra dizer "Mesmo estando longe te amo", porque o longe são cinco minutos de caminhada. Nem consegui dizer que "a vida nos separou" porque a gente tem tempo nos finais de semana.

A única coisa que saiu da minha boca foi: "Eu te amo, e eu continuo me afastando das pessoas que amo por medo que elas me abandonem antes."





"I just need a little of your time
A little of your time
To say the words I never said
Just need a little of your time
A little of your time
To show you that I am not dead

Please don’t leave, stay in bed
Touch my body instead
Gonna make you feel it
Can you still feel it?
"

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Grand Finale

-Let him go!
Caged bird, Wonderfalls

Às vezes a única maneira de persistir é desistindo. Isso não é um paradoxo, quando você se libera de um sentimento as conseqüências ficam mais nítidas. É a chance de entender o que aconteceu e medir se tudo vale a pena. É mais fácil escolher quando se aproxima do fim e todas as cartas já estão na mesa.

Eu também gosto de pensar em como desistir pode me fazer seguir em frente. Uma história que já deu tudo o que tinha que dar necessita de um ponto final.

Por último, entendo que desistir é também sinônimo de coragem. Quantas pessoas eu conheço que se prenderam a antigas lembranças ou problemas e não conseguem seguir em frente? ficar preso ao passado é o que eu evito desde o primeiro texto desse blog: ainda sobraram resíduos de todos esses meus anos de vida, mas tudo o que eu desejo ainda não aconteceu. Eu quero o futuro.

A verdade sobre desistir é que ninguém manda em quando exatamente as coisas tem que durar. Você pode colocar um ponto final, mas talvez daqui há algum tempo essa história volte, e com todo aquele frisson do começo.

Afinal, ninguém consegue controlar o FdP do Sr. Destino.


"As pessoas não querem consertar suas vidas.
Ninguém quer solucionar seus problemas. Seus dramas. Suas distrações. Resolver suas histórias. Organizar suas confusões.

Porque, caso contrário, o que restaria?
Só o grande e assustador desconhecido."
-O sobrevivente, Chuck Palahniuk.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

In which Roque listens a new beat


In which Roque listens a new beat (and still waits the melody)


O que mais me incomoda agora é o coração (ou a falta de um). É muito peculiar o fato de eu ter me tornado uma pessoa de relacionamentos Miojo. Não preciso nem mesmo do nome: o olhar bateu, dançou legal e eu já estou desejando. E sempre dura o suficiente (ou seja, não passa de algumas horas).

Dai vem essa pessoa. E conversa, e pergunta, e instiga, e me puxa pela mão e me abraça algumas vezes.
Fiquei sem saber como agir, porque afinal disso eu não entendo, disso eu sempre corri. Mas eu queria.

Eu que não forço nada a durar mais que deveria durar (e certamente nem teria durado) vi um desafio ai, era algo que eu não me perguntava a muito, muito tempo.

A questão é: se um dia naturalmente durar mais que uma noite, eu estou pronto pra isso?
Algo a se pensar.


Por hora, eu sigo comendo miojo. Mata a fome (mas um dia certamente enjôo!).


" I bet that you look good on the dancefloor
I don't know if you're looking for romance or...

I don't know what you're looking for!"
-Arctic Monkeys

terça-feira, 27 de novembro de 2007

In which Roque finds the pace (part I)


In which Roque finds the pace (and it feels like heaven)

"I know that heart that's in your chest
It carries pain and so must stress
But you got to let it go
(Go, go, girl)

Just close your eyes I'll grab your waist
Next think you know you have your pace
Girl you got to let it go
(Go, go, girl)

I know that you wanna get down
You do deserve to get down
Been working hard all week
Just trying to make your money
Girl go on and shake your booty

I'm lovin' it."

-JT.

In which Roque lost the pace of rock (part II)


In which Roque lost the pace of the rock (and demised his join).

A coisa mais perigosa que o homem já inventou foi a esperança. Mascarada de uma vontade que tudo dê certo, tudo mude, e que valha a pena no final, nada me tira da cabeça que esperança é só mais um dos inúmeros pretextos para não se fazer nada, para não agir.

Da próxima vez, que eu sinta coragem: ela sim é a vontade encarnada de se querer que o final seja outro. E que o final seja sempre meu.

De nada adianta ser um poço de paciência quando o mundo exige e eu não cumpro. Às vezes a melhor resposta é o grito. O melhor momento já está acontecendo.

E o melhor ato, o beijo.



"Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena"
-Clarice


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Glare

Sabe quando você monta algo sem usar o manual e acaba sobrando uma peça?

Será que ela era essencial?


Acredite: ela já tem mais graça e mais mistério do que tudo o que eu montei. Ela definitivamente roubou o papel.

A única coisa que sei é que se ela estivesse em seu devido lugar eu jamais a notaria.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Inevitável

Ou nós nos adaptamos às mudanças.
Ou ficamos para trás
-Meredith Grey.


Dia desses eu postei no meu flog sobre mudança, e eu não estava brincando.

Agora as coisas inevitavelmente vão mudar. Novo setor no trabalho significa bem mais do que parece, porque se acontecer uma mudança de horário então deixarei de ver muita gente que eu vejo hoje, minhas baladas terão outro horário (e por isso talvez até sejam outras) e a academia vai ser de manhã. Um mundo de pessoas novas vão cruzam e interagir comigo nessa nova jornada.

O problema não é o que vem, é o que eu perdi. Porque eu sei que vou sentir falta de todas as pessoas que trabalham e malham comigo.

Agora que eu venci muitas das pessoas inconvenientes, passei a ser respeitado pelos menos afortunados e ainda me livrei dos sangue-sugas, mudar tudo e por absolutamente nada não me parece muito tentador...


"All we have to do now
Is take these lies and make them true somehow
All we have to see
Is that I don't belong to you
And you don't belong to me"
- Freedom '90

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Closer

If you believe in love at first sight... Take a closer look.


Se tem uma pergunta que todo ser humano se fez pelo menos uma vez na vida, é se amor existe mesmo. Amar a Deus, aos pais e aos amigos é sempre possível de ser eterno, agora amar um outro ser humano sem nenhuma ligação prévia, aí sim mora a questão.

Visitando um profile dia desses eu senti vontade de assistir "Closer: Perto Demais", um filme que muitos me indicaram, muitos cultuam e muitos não entenderam.

Pra mim a mensagem do filme é bem clara: quanto mais conhecer o seu parceiro, menos você ama.

O começo dessa teoria na minha vida veio recentemente através da ficção. Dexter observa uma doce esposa que recebe calorosamente seu marido, sem imaginar que o mesmo é na verdade um assassino e parte chave no tráfico de pessoas ilegais em Miami. Dexter conclui que se ela o conhecesse de ver
dade jamais o amaria. Ele então se questiona, seria essa a chave para os relacionamentos, não conhecer de verdade a outra pessoa?

Idealizar uma pessoa não é muito difícil, e desse ato, olhar e decifrar uma pessoa sem ao menos testá-la é que se cria o mito. A pessoa passa de ser humano para a perfeição, de carne se torna pura alma, de alguém cheio de afinidades se torna alma gêmea. A isso chamamos de amor a primeira vista.

E é assim que o filme apresenta seus futuros casais, puro amor a primeira vista, puro "te conheci hoje e já te amava a vida inteira".


Mas preste atenção no título do filme. Closer, mais perto. te dá a idéia de olhar atentamente, parar de descobrir e começar a conhecer a pessoa em todos os seus necessários detalhes. Quem já morou junto afirma que é um tipo de relacionamento completamente a parte. Você pode amar alguém, mas a partir do momento em que divide o mesmo teto a coisa muda de figura, os detalhes irritam e o amor se vai.

No auge de suas decepções ainda existe um escape, todos eles utilizam do mesmo argumento para matar o amor e seguir em frente: destruir a imagem previamente criada da pessoa amada. Sim, a verdade é o que destruiu o amor. Não basta saber que foi traído, é necessário fazê-la contar todos os detalhes inconvenientes do sexo, só assim ele consegue derrubar a imagem de esposa e compará-la a uma vadia.

Quando dizem que o amor é cego, isso significa bem mais do que se pode imaginar. Não significa apenas que quando amamos fazemos coisas absurdas. Significa que a única condição de se amar é estando cego.

Claro, claro que existe o outro lado, existem pessoas que quanto mais conhecemos mais nos apaixonamos, quanto mais desvendamos mais acreditamos que seus defeitos são fáceis de se conviver, quanto mais humanas, mais fáceis de se apaixonar. Mas isso é a exceção da regra de amor a primeira vista

Então, fique com a impressão de que não existe certo ou errado. Até eu mesmo desejo amar, e assim mesmo, a primeira vista e inconseqüente. Os risco são grandes, mas só um covarde deixaria uma oportunidade dessas passar...

Alice: No one will ever love you as much as I do. Why isn't love enough?

Alice: I don't want to lie. I can't tell the truth. So it's over.



Alice: Is it because she's successful?
Dan: No. It's because... she doesn't need me.


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Dito e Feito


"tudo o que fica parado apodrece"


Fiquei off pro um tempo, mas estive finalmente movimentando tudo o que estava parado em minha vida.

Eu não estou ausente porque cansei, nem porque estou infinitamente ocupado. Eu tenho tempo pro blog sempre que quero, escrever aqui me renova e me liberta. É como organizar a bagunça da minha mente e concretizar os sentimentos.

Eu tenho escrito menos porque é bem óbvio que não dá pra ficar só na teoria, e eu estou vivendo mais agora. Eu coloquei a prova tudo o que escrevi nesse blog e posso afirmar que, além de tudo ser a mais pura verdade sobre mim, isto tudo é absolutamente aplicável.

O bom de se afastar de tudo por um tempo é responder à uma pergunta: de quem eu sinto saudades? Vocês se surpreenderiam se eu dissesse, mas o fato é que eu tenho esbarrado nessas pessoas pelo simples acaso, tenho-as visto mais do que em tempos anteriores. E tem mais alguém que esbarro de vez em nunca e que quero muito ver. A lista das pessoas que eu sinto saudade tem sempre algo em comum: elas mudaram um pouco do meu mundo, elas causaram algum impacto na minha vida.

Não é que eu estou melhor, acho que é digno dizer que na verdade agora eu sou algo e, mesmo que isso seja um pouco distante do meu ideal de pessoa, eu agora ao menos posso dizer que existo.


"Evite acidentes, faça de propósito!"


quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ensaio número 13.587.122

Eu sinceramente não me contento mais com o "Se não valeu a pena, ao menos a experiência te ensinou algo". Sério. Porque as pessoas estão cada vez mais passando a vida ensaiando. E eu não quero tentar, eu quero é viver de verdade agora.

Quando os minutos bons são completamente ofuscados pelas horas ruins, essa espécie de otimismo me parece completamente artificial. Se algo termina mal e não valeu a pena, se a lição que deveria ter sido tirada é a mesma que em muitos outros casos passados, não existe isso.

Ao menos eu tentei, e se ouve algum erro meu, pode ter certeza que foi pelo excesso e não por omissão. Porque hoje em dia, se eu começo algo que sei que não vai dar certo eu me entrego cem por cento e desafio todas as leis desse mundo. E eu jamais conseguiria tocar pra frente assim, tão sem fé, do tipo se der ou não certo, ao menos valeu a pena. Jamais.

Que me desculpe Fernando Pessoa, mas só vale a pena se for de verdade.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

WtF???

No coments

Até onde eu sei isso se escreve assim: no comments. Mas vá lá, alguém poderia dizer "você entendeu, com um ou dois "ms". A verdade passa longe disso. Eu sinceramente não havia entendido, e realmente não é um "m" ou outro que me faria entender.

So, no comments? What should I understand?

I could read
you don't really care. That's why you will not waste your time trying to explain, because you don't give a fuck about what happened. You made me wait, you're not coming and when I said is was so you, making me wait when you know you're not coming, you said "No comments".

Or should I realize that
you are tired of telling lies, it means nothing at all to you, so you stop telling lies and said "No comments", because I already know what you'll say next and you know it doesn't works anymore.

Or even better, maybe you realized that this is not an exception, this is some sort of a rule. Things will never change, so "No comments" is something like "
Yes, you're right".

Guess what? I was thinking about and now I'm sure. For me, this "No comments" means "
Shut Up". It means that every word I've spoke means nothing at all to you. That you're not interesting in solving this.

My thoughts, but what the fuck were you trying to explain?

I do care, but now, never mind. And it's not an advice. I've already made my decision, you can't change this. And when I start taking action and screwing things up, be sure you won't have another chance to comment about me.

No more comments at all.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Crash

Live your life at the point of impact.

Moving at the speed of life, we are bound to collide with each other.


Essas são as taglines de Crash. Eu passei um bom tempo pensando sobre isso. Crash é um filme sobre racismo e sobre coincidências, certo? Podem ter várias linhas e vários final ocorrendo, mas tudo o que sobrou desse filme para mim foi como os personagens esféricos se transformaram.

Esqueça todas as coisas tristes ou bonitinhas que aconteceram até o filme terminar e pense nos fatos friamente. O que resta são apenas duas cruéis realidades: todos os bonzinhos do filme foram levados até o extremo limite apenas para serem corrompidos pelo nervosismo do momento e todos os vilões do filme foram levados ao extremo apenas para receber a redenção e se tornarem humanitários.

Pensando melhor, eu posso concordar plenamente com outra tagline do filme, que a gente acha que se conhece e no entanto estamos redondamente enganados, porque os fatos a nossa volta causam impactos que nos fazem descobrir novas faces da nossa própria imagem, nos levando a testar novos caminhos e sair do estereótipo que criamos de nós mesmos...

You think you know who you are. You have no idea.


quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Eu quero.

You know what happens when a fairy's wings lose their dust?
The fairy dies, that's what.
-Rufus, Wonderfalls

Agora tudo é uma questão de escolha. Se no mês passado eu andei apostando muito e deixando as coisas tomarem seu próprio rumo, agora o mundo mudou pra mim. É uma nova forma de encarar as coisas e é o resultado de todos esses meses de trabalho aqui nesse blog e na minha vida. Agosto é o mês de decisões.

Eu decidi quem eu quero do meu lado, e mais importante decidi quando quero. Eu decidi ter um corpo diferente, então eu cuidei do cabelo, da pele e estou levando a sério a academia. Existem defeitos no meu corpo que eu lido desde quando era gordo (aos 14 eu pesava 90 kilos) e agora, apenas porque eu decidi mudar, essas coisas estão indo embora, juntamente com toda uma bagagem de sentimentos e traumas.

Nos últimos tempos eu tenho muito andado e entrado no mundo queer, e esse mundo tem me ensinado que só vale a pena ser você mesmo e só vale a pena se aprimorar. Quem não liga para essas coisas morre cedo e não aproveita nada. Até quando a gente deve se cancelar a favor dos outros? Ou você se ama do jeito que é ou você batalha para se superar, qualquer outra coisa é desperdício de vida, dai a citação do começo do post.

A palavra que define o momento é o título do meu post anterior a esse, egoísta, que foi crucial para eu entender que, depois de tantas coisas terem dado errado, eu estava bem.

Que fique bem claro, não existe maior prazer do que se satisfazer por completo e se amar, talvez a única coisa que traga mais deleite seja encontrar alguém que te ame e valorize da mesma maneira...


Let him go!
-Caged Bird, Wonderfalls

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Egoísta


"I have been a selfish being all my life, in practice, though not in principle."
Jane Austen

E eu que nem tinha percebido o quanto eu estava prevendo esse momento.

Tem certas ações egoístas que a gente toma e só vai perceber depois o resultado. Mês passado eu estive tão ausente comigo que cheguei a pensar que havia perdido 31 dias em puras infantilidadas da minha parte e em erros meus. Estive enganado.

Ontem eu vi o resultado de algumas ações que eu havia tomado e fiquei surpreso. Sou eu esse ser que tem uma carta na manga mesmo achando que apostei todas as fichas em um lance?

Que me importa entender a intenção de tudo isso! Que fique registrado, eu também fui egoísta e hoje estou colhendo frutos tão perfeitos que penso em cometer os mesmos atos... Conscientemente, é claro!

Porque uma hora a gente descobre que a diferença entre altruísmo e egoísmo não é tão nítida...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Raindrops keep falling on my head

"Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias."
- Clarice.


Nunca mudou nada porque no dia seguinte eu sempre voltei sorrindo.

E se eu retornasse com essa cara que mostra o que eu estou sentido agora? Então, ouviria frases que me valorizariam, diriam o quanto eu sou importante e depois fecharíamos tudo com as suas famosas desculpas.

Mas, e se eu não aparecer mais?

Verbos, qualquer criança da primeira série sabe que os verbos representam ação, e verbos sem ação não existem. O gostar significa fazer gostar, o se importar significa se importar, e principalmente o respeitar não significa nada menos do que a ação respeitar.

Palavras soltas se tornam promessas, e eu não preciso que alguém massageie meu ego.
Acontece que, pra toda a paciência, existe um limite. Não quero que alguém corra agora em minha direção gritando "Não vá", muito menos ouvir-te dizer "Eu sei, eu sempre estrago tudo". Isso tudo eu já ouvi, e mais de uma vez. Agora só me interessa a verdade.

Porque a mais pura verdade é que não existe "Eu me importo", existe sim é o "Eu preciso de você, enquanto eu não tenho ninguém por aqui."




sábado, 28 de julho de 2007

Penso, logo desisto

"Penso, logo desisto"
-Sei lá quem disse isso

Existe um caminho que separa o desejo e a ação, o pensamento e a ação e o sentimento e a ação. Em algumas pessoas esse caminho é um milímetro. Para mim, este caminho é uma longa estrada aqui dentro.

Pensando nisso, dia desses eu cheguei a duas conclusões:

Primeiro, quando uma pessoa sente algo e pratica um ato levada por esse impulso, ela pode; agora é muito engraçado que quando eu falo dos meus sentimentos mais mesquinhos e que nunca vão se tornar um ato, elas logo me criticam. Eu, há muito tempo, já não tenho mais o simples direito de sentir, de ficar confuso e de confessar essas coisas. Eu conclui que posso. Posso sentir o que for, mas estou contando para as pessoas erradas. Há muito tempo que eu não sei o que é me abrir para alguém sem ser reprimido (e agora virou moda a frase "Não viaja"). Só tem uma pessoa que eu me abro e ela espera e depois conclui, mas eu moro longe e infelizmente nos vemos pouco.

Segundo, existem mil barreiras entre o que poderia ter sido e o que vai finalmente acontecer. Algumas pessoas se queixam dessa coisa de ser levada pelo momento e se arrepender depois. Eu não. Na maioria dos casos eu me arrependo por não ter tomado nenhuma atitude na hora. O famoso "Penso, logo desisto".

Mas não mais, eu sou inconstante agora porque os meus filtros todos entre os sentimentos, pensamentos, desejos e ações estão sendo testados. Eu venho trilhando todos os caminhos proibidos, e apenas porque posso.

Chegou o dia em que eu acordei e disse a mim mesmo "Eu apenas tenho vinte e dois anos. Eu ainda posso errar..."

E eu preciso urgente descobrir se tanta privação e castração não está simplesmente me afastando daquilo que eu mais quero e que pode me fazer feliz...

Para evitar críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada.
(Elbert Hubbard)

sábado, 21 de julho de 2007

Sufocando

"A solidão desola-me; a companhia oprime-me.
-Fernando Pessoa

Pra mim não existe solução, não agora. É terrível estar diante de um problema que eu me sinto impotente, pior ainda quando eu não consigo falar dele com ninguém. Eu estou passando de novo por um momento de isolamento, onde um sentimento meu é verdadeira fonte de nojo por minha parte. Eu tenho que parar de sentí-lo de qualquer forma.

E o texto De Novo deixa bem claro que isso não é novidade. Sempre esse sentimento vem quando eu não quero, destrói tudo de bom que havia antes e me coloca em uma situação embaraçosa.

Pudera eu ser frio de coração e entender que há pessoas que me fazem um bem maior distantes do que quando estão por perto, mas eu não consigo. Eu quero, logo busco. E se eu me afastar me sinto mal da mesma maneira.

Irremediável eu fico assim, desconsolado, esperando sozinho que esse sentimento morra no tempo ou se transforme por alguém que eu simplesmente possa ter do meu lado.

E ainda dizem que esse sentimento é o mais nobre de todos...


“A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos!”
-Normam Cuisins

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Montanha-Russa

"I surrender to destiny"
-Wonderfalls


Bipolar. Agora os sentimentos passam levando tudo o que parar na frente deles. Eu não tenho mais coerência no dia. Não existe mais dia ruim ou bom, existem momentos, minutos, segundos. E não é como o silêncio que antecede a guerra: nunca dá pra saber exatamente o que eu vou sentir no momento seguinte.

A novidade é que eu não temo esssa inconsistência toda. Consegui ontem chorar e rir, tudo com a mesma pessoa.

Eu consigo enchergar nisso que antes eu carregava os sentimentos por mais tempo que deveria e me privava de uma mudança.
Eu não sou intocável. Algo vai estragar o meu dia perfeito? Que assim seja, paciência. E tem também aquela situação quando eu me sinto mal e me isolo apenas para se sentir mais mal ainda.

Tentar carregar um sentimento momentâneo por muito mais tempo é uma das maneiras mais fúteis de se enganar.

Continuar a sentir algo ruim e que já passou é fruto de uma covardia inigualável. Se está ruim, tente melhorar. E extender algo bom por demais também é ruim. É provar a si mesmo que não tem capacidade para criar mais momentos agradáveis.

No final, o ato de sentir deve ter começo, meio e fim. Qualquer etapa pulada e o sentimento se torna pura ilusão

"After fighting, everything else in your life got the volume turned down. You could deal with anything".
-Clube da Luta

quarta-feira, 4 de julho de 2007

De Novo?

"A solidão desola-me; a companhia oprime-me.
-Fernando Pessoa,

Eu estive pensando em repetição. Eu sempre vou ter que aprender as mesmas lições eternamente? Sempre vou ter que me decepcionar com as atitudes dos outros?

Essas coisas já nem eram novidades há dez anos atrás. Sempre, sempre elas acontecem, repetem, persistem, continuam. Quando eu me encho de esperança... Eu sofro depois.

Pensando bem, seria realmente mais fácil viver se fosse só para mim e apenas comigo.

E esse assunto e com essa conclusão, já nem
é mais coisa nova, inclusive nesse blog!

"You can close your eyes to reality, but not to memories."
-Stanislaw Lec

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Ponto Zero

" There’s only so much you can learn in one place
The more that you wait, the more time that you waste
I'll work and I'll fight till I find a place of my own
"
-Jump, Madonna

Defino esse momento, minha nova fase da vida, não como uma evolução e nem ápice de um caminho. O meu momento só pode ser caracterizado como Ponto Zero.

Nasci de novo. É como se todas as experiências ruins não tivessem mais o poder de me afetar negativamente. E pra conseguir isso foi necessário muita, muita cara de pau e passar por
cima dos medos como se eles não existem. As coisas não foram resolvidas, meus medos ainda estão lá, mas eles foram ignorados.

E isso já é muito. É como se eu não tivesse mais personalidade, aquela voz que te diz "Pára agora, não faça isso" não é mais seguida e você simplesmente vai. Peito nú, segue adiante como se nunca tivesse passado por essa situação antes e como se nunca tivesse sido ferido. Essa falsidade comigo mesmo agora me move.

Dessa nova atitude de negar o passado, de ignorar os medos e de não seguir a intuição negativa surge algo que sempre surpreende. A falta de padrões nas minhas ações estão deixando as pessoas desnorteadas e principalmente chama atenção para as minhas necessidades. Agora eu falo o que eu penso: machucando ou não, ninguém pode mais ignorar facilmente minhas opiniões.

Quando eu começo a afetar o mundo de uma maneira surpreendente, o mundo responde de uma maneira nova. Tem sido uma delícia experimentar novas situações das quais eu ainda não sei conviver e sempre tive medo de passar. Meu redor precisa se movimentar para me aceitar ou me expulsar logo. Me ame ou me odeie.

E nisso eu cheguei ao cerne da coisa. Quem convive comigo agora mostra as caras. Quem me aceita apenas porque era conveniente conviver com uma pessoa que se pode tirar tudo e nunca reclama agora sofre em tentar tirar de mim o mínimo possível. Os sanguessugas estão em desespero; e quem tenta ter uma relação de amizade deturpada comigo já está se afastando. Que vão com Deus e pra sempre.

Tudo isso é prova maior de que eu não temo mais a solidão. Será que eu suporto os sanguessugas por que era melhor eles do que ninguém?

Não mais, pode tudo o que for de ruim ser cortado da minha vida. Eu agora apenas penso em ter uma vida ao lado de pessoas que me aceitem de verdade. Convivam com aquilo que eu agora tenho para mostrar, minha mais pura essência.

Aos que ficarem do meu lado agora, eu garanto: essa fase primordial é ótima. Jamais tive uma fase tão boa assim.


"Embora não possamos fazer um novo começo, podemos começar agora,
e fazer um novo Fim."
- Chico Xavier.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Sem jeito algum

Eu me senti assim há um mês atrás. Foi terrível, às vezes pessoas especiais me travam completamente. E eu querendo ser apenas agradável, fiz cada coisa que me envergonho.

Se você é especial na minha vida, saiba que eu posso agir de uma maneira completamente diferente do que sou ou idealizo.

When you were here before,

couldn't look you in the eye.
You're just like an angel,
your skin makes me cry.
You float like a feather,
in a beautiful world.
You're so very special,
I wish I was special.

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

I don't care for love,
I want to have control.
I've got perfect body,
I want a perfect soul.
I want you to notice,
when I'm not around.
You're so veru special,
I wish I was special.

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

She's running out the door,
she's running,
she run, run, run, run, run.

Whatever makes you happy,
whatever you want.
You're so fucking special,
I wish I was special.

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.
I don't belong here.

-The Cure / Radiohead

O Alvo

"Há duas coisas que demonstram fraqueza: falar quando deveria calar
e calar quando deveria falar."
-Provérbio Persa)

As pessoas que você odeia, que se sumissem tornariam sua vida mais fácil, não dão a mínima para você. Grite, faça vinganças, responda com os mesmos argumentos e no entanto jamais vai afetá-las.

O que eu descobri hoje foi o contra-peso dessa balança.

As pessoas que você mais se importa, que você gosta de verdade, que você faria de tudo para não magoá-las, elas sim você tem o poder de machucá-las. E vai. É tudo muito certo, você só vai ferir quem você quer o bem, quem você quer o mal jamais será afetado.

Hora de levantar a espada mais uma vez e lutar contra isso. Não sem antes, é claro, pedir desculpas a quem eu magoei e não queria.

“A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos!”
-Normam Cuisins

sábado, 16 de junho de 2007

Tragetória do Blog

Nova fase no blog. Eu agora abro as portas da minha mente para quem tiver coragem, curiosidade (e paciência).

Aos novos leitores preparei um resumo do que acontece no blog. Procure por estes textos:


A Jornada do Guerreiro inquieto


-------------Março: cavando fundo no problema-------------

Cleaning out my closet - Muitos traumas tem origem na infância e com nossos pais. Expor minha maior fraqueza no meu primeiro texto foi revelador e decisivo em meu caminho.
" A origem de tudo isso é nada mais que alguém que eu amo, que em épocas passadas me disse que eu não posso. Que eu não tenho direitos. Que eu não deveria existir. Que eu sempre serei inferior na vida. Dá pra acreditar que eu fui me acostumando com a idéia de se inferiorizar?


La Mala Educación - Minha educação pode afastar-me das pessoas. Mas apenas das pessoas que se negam a um maior esclarecimento. Mostra como eu sofro com "the ordinary people"
"Tudo o que eu li e estudei sempre ampliaram meus horizontes e de maneira nenhuma eles me limitaram. Eu posso ler o que quiser e vou mais além: posso concluir o que quiser, e ainda assim isso não me fazer melhor nem pior que eles, logo eu não posso julgá-los, certo? Mas e o oposto?"


Limitando-se - Decisão de não mais me afastar das pessoas e de deixar o imprevisível acontecer, mesmo que me magoe.
"Em raros momentos eu me arrisco e é neles, e só neles que eu descubro que ainda persisto."


Brilho Temporário de uma Mente Confusa - Não se deve tentar acabar com as más lembranças, negar um sentimento só o torna mais forte. É sobre transformar traumas em lições.
"Eu preciso de cada erro, necessito de cada trauma e eu sou cada pensamento meu. Se tudo isso fosse embora só sobraria a casca. Eu não seria Roque, afinal."

Infantilidade - Sobre receber a notícia de que vai morrer logo... E descobrir logo depois que tem mais dez anos. Tem gente que vive apenas quando percebe que vai morrer.
"Feito criança eu me consumiria em lágrimas, repensaria minha vida toda. Me sentiria renovado, renascido, e diria "Dez anos? Dá tempo! Vou fazer o que quero"

Coma - Ficar inerte tanto tempo levou a minha vida para um ponto idiota, fútil e previsível. Eu assiti a minha vida definhar. O texto é sobre a urgência de acordar. É sobre o agora.
"Agora é hora de retomar antigas coisas, recomeçar de onde parei. A vida segue, meu caro leitor e eu não vou perder nem mais um minuto. Juro que esse mês eu resolvo muito!"

A força da decepção - Grande prova que tive que passar. Traição nunca é fácil de encarar, mas dessa vez foi grave. Levantar a cabeça me renovou muito.
"nenhuma mudança é fácil. Mas todas, após as provações, são sem dúvida prazerosas.
E eu me sinto... Pronto."

-------------Abril: Abril despedaçado-------------

Esmola - Dá pra viver se escondendo sempre? Sobre como eu não existia para o mundo e nem pra mim.
"Eu posso mais e no entanto me vejo gastando infinito tempo apenas no que deu errado e me poupo do que pode dar certo, por algum motivo incompreensível."

Conspiração - Se tiver que escolher o momento do final do poço tenho este texto. Como pode tudo ter dado tão errado? Mas eu estava tão natural, texto sobre essa coisa paradoxal.
"Ou pior: talvez eu não caí realmente, porque nem de pé eu estava."

Teoricamente Incorreto - Até meus textos foram colocados a prova nesse mês. E se meus conselhos não servissem nem para mim nem para ninguém?
"Afinal, quanto do que você diz pode ser aplicado na prática? Em que ponto a palavra de consolo deve se tornar ação?"

Depois da Via Crucis, ressurreição. - No ápice de tantos sentimentos fiz algo que não fazia há muito tempo: chorei. O dia D de toda a minha evolução.
"Eu me renovei de tudo. Perdi mil quilos de culpa."

-------------Maio: A força do Ego
-------------

Walking in Straight Lines - O começo da minha nova atitude. Descobri que depois de Abril eu não entrei em depressão porque estava mais forte. Essa força gerou um entusiasmo e uma esperança.
"E eu corro contra o relógio. Há quanto tempo eu não amadureço?"

Mais um ponto final - Agora a coisa toma forma. Decepção amorosa, diferente das outras eu não fiquei magoado. Eu levantei a cabeça (e até mesmo empinei o nariz) me negando estar na dor. Ego dando sinal de vida.
"Eu sei respirar sozinho e longe de ti eu também sei viver, só não queria."

Onde estou? - Ótimo, escrevi mil coisas, mas onde eu ainda não consegui iluminar em minha alma? No amor. O texto é como eu me projeto para as pessoas a fim de ser "adotado", cachorrinho sem dono que quer somente um colo. Esse tipo de atitude me levou ao buraco e devia ser resolvida. eu tenho que mudar, mas para mim, não para os outros.
"Digam que fui um tolo, um idiota ou imaturo, mas na maioria das lutas era para que eu possa ficar 10 minutos com uma pessoa e ela nem reparar que eu não sei existir."

Meu futuro e primeiro Royal Flush - Profissão. Já tive uma discussão no post Amórfico, mas agora eu estava mais certo de tudo.
"Eu busco isso agora, vai ser meu primeiro royal flush desse jogo, um desafio de quatro ou cinco anos que, mesmo sofrendo, faça valer a pena cada segundo."

Wonderfalls (ou melhor: Wonder Falls) - Ah, a Jaye. Como as coisas se encaixam em nossa vida, como o acidental, o acaso pode moldar meu futuro. Tudo em Wonderfalls cabe em minha vida: Seguir algo que não faz muito sentido para os outros, abandonar um amor apenas para não magoá-lo, sentir-se louco e todo mundo concordar e por último ser um seriado que me lembra alguém que me impulsionou indiretamente em toda essa jornada. Foi também uma jornada infinita para entender o One Man Guy.
"
Jaye jamais mostrou seu interesse nesse homem justamente pela bagagem dramática que ele carrega. Ela sabe que ele merece algo melhor, ela quer vê-lo com alguém normal e não com alguém tão excêntrica. Decepcioná-lo novamente e vê-lo tão mal não parece digno de alguém que gosta dele da forma que ela gosta."

Náuseas - Nojo é o primeiro sentimento quando sou decepcionado, eu não penso em vingança. É sobre estar rodeado de pessoas legais, mas qeu não valem a pena, elas não te poupam de nada.
"Mas quem presenciou a discussão também me viu levantar a voz e lutar de igual para igual. Prova concreta de que eu também sei e posso ser agressivo, egoísta e mesquinho. Esse é meu medo, cada dia a mais com essas pessoas eu me contamino, eu me torno um pouco deles também."

Piedosamente Maléfico - Eu estava cheio de razões quando escrevi o texto Náuseas, no entanto fui conversar com as pessoas que me revoltei e mudei de idéia. Eu estava errado. Este texto é sobre dar confiança para as pessoas e cobrar isso de volta, sobre como minha piedade é na realidade uma forma de dívida que os outros me devem.
"Lição do dia: em minhas mãos, até mesmo o Perdão pode ser uma maneira suja de chantagem."


-------------Junho: A real-------------

Step - Substituto. Quem nunca se sentiu como se as pessoas só te procurassem quando precisam? Eu cheguei a fatal conclusão de que quero mais das minhas amizades.
"Bebem para tentar esquecer, exigem a minha presença pela vergonha e medo de encararem a sua mais nova companheira: a solidão."

Volúpia - Eu fui. Eu fiz. Deu certo. Todo o prazer de se realizar. Os resultados de tudo o que discuti aqui.
"Morrer por mim e viver para mim é no mínimo gratificante. Ego. Ego. Ego. Todo o sentido da frase "Eu posso"."

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segunda-feira, 11 de junho de 2007

Volúpia, parte II

Complemento do texto anterior. Dois posts que fiz no fotolog do Tales:

Me espantei dia desses:

Nem eu sabia que ainda tinha tanta força quanto tenho. É algo assustador. Acho que posso atropelar meio mundo ou ganhar uma guerra.

Quer algo pior que descobrir que a fragilidade era todo esse tempo uma tática que deu errado?

E eu não quero destruir tudo só porque sou uma bomba atômica. Me devolvam a paz que eu nunca tive! Acho necessário retornar ao nada, antes que eu faça aquilo que mais temo...

Tales: "O que há de errado com teu mundo?"
O mundo em si, porque eu descubro a cada dia que não me encaixo nele, não é meu, mas por pura covardia aceito.
E meu mundo está por aí, que ele existe eu sei, só falta lutar um pouco mais.

Lembra de Nietzsche? "What is happiness? The feeling that power is growing, that resistance is overcome"

Então. Descubro que estou muito feliz :)

Volúpia


"Agora eu chego a conclusão fatal: e se eu só pensar em mim nesse caminho, evitando somente prejudicar os outros? E se o medo da solidão se transformasse em vontade de ficar sozinho? Onde estaria eu agora?... ...Eu quero amar porque me sinto incompleto. Poderia eu procurar o que falta em mim mesmo? Me tornaria então em uma força insuperável? Eu seria completo?"
-Extraído do meu texto "
Onde estou"

Eu já tenho a resposta para a maioria dessas questões.

Eu até posso aceitar mais alguém em minha vida, mas eu sei que apenas eu me basto para viver.

Força. Isso me assuta cada vez mais, e também me satisfaz cada vez mais. É até um vício, ser isso que você foi feito para ser, se tornar aquilo que queria se tornar. Morrer por mim e viver para mim é no mínimo gratificante.
Ego. Ego. Ego. Todo o sentido da frase "Eu posso".

E tem sido uma delícia encarrar também meus erros, agora que eu cometo na busca por acertar. Já é a quinta vez que eu provo dos resultados dessas minhas últimas ações: acertei plenamente e errei tentando; e meus defeitos todos presentes.

Sim, tenho ainda os mesmos defeitos, mas eles trabalharam ao meu favor. Não busquei a perfeição, busquei algo melhor. Busquei a mim.

Hoje? Deleite por ter finalmente me encontrado.

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome"

-Clarice Lispector

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Step

Miranda: Maybe it's time I stopped being so angry.
Carrie: Yeah, but what would you do with ALL your free time?
-Sex and the City


Penso eu, então, em qual o motivo por me distanciar tanto de determinadas pessoas. A resposta é fácil e está no interesse delas por mim.

As pessoas não sabem acabar um relacionamento. Elas correm desesperadas em minha porta implorando para sair, para curtir um bom momento, para conversar sério e para ter diversões infantis. Tudo ótimo até ai.

Mas depois de um tempo começam a namorar. Do dia para a noite somem e, quando as coisas começam a dar errado, elas logo me exigem satisfações. Se eu fosse um bom conselheiro sentimental juro que não estaria sozinho. E elas também não querem ouvir. Tomam atitudes precipitadas e enchergam problemas em simples variações de humor. Tendem a encarar cada gesto como um eminente sinal do fracasso.

Perdidos em pensamentos de ciúmes, crises de falta de atenção, problemas grandes e incomodos pequenos do cotidiano, elas se perdem e, por se perderem, elas perdem seus amores juntos. Contaminam a todos com esse clima chato e não conseguem falar de outra coisa: até respirar deve lembrar de quem as abandonou.

Dai elas voltam. Prontas para que eu as apoie, que eu ouça seus problemas e aguente seus dramas.

Nos melhores momentos não me chamam, nos pio
res elas se lembram de mim. Pior: quando eu peço por uma conversa, quando eu quero falar sobre os meus medos e fracassos, elas mudam de assunto. Não deve ter nada mais chato que me ouvir. Estou cercado de pessoas assim.

Bebem para tentar esquecer, exigem a minha presença pela vergonha e medo de encararem a sua mais nova companheira: a solidão.

Quem corre atrás de mim em momentos como esse não quer ficar sozinho porque, no fundo, não se suporta.

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
-Álvaro de Campos

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Mais do mesmo

Complemento do texto anterior:

Esse texto meu, "Piedosamente Maléfico", ainda vai me gerar muitos frutos. Cabe em um livro todos os meus pensamentos sobre o caso e eu não paro de comentar nem de ouvir comentários sobre esse assunto.

O que eu queria completar é que essa forma de conviver com as pessoas, dar e esperar receber, pode ter muitos nomes.

Você pode chamá-la de confiança, "Eu confio em você, espero que confie em mim". Você pode chamá-la de amizade, "Meus amigos não me tratam como eu trato a eles". Por fim pode até mesmo chamá-la de traição, "Eu esperava tudo, menos isso e de você".

A gente vive dando nomes diferentes para o mesmo assunto, como eu te ajudei de alguma forma e não recebi nada em troca.

Uma nota rápida, eu não sei porque escolhi o termo maléfico ao invés de malígno, nem sei se no português de norma culta isso pode, eu o escolhi mesmo assim...
..

É tudo genérico demais, o texto não fala de Roque, fala de tantas outras pessoas que continuam se decepcionando com os outros. Pura ilusão. No fundo todos nós usamos as pessoas para algum propósito, mas nos sentimos péssimos quando descobrimos que fomos usados também.

Get out, Justin e Macy Gray

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Piedosamente Maléfico

"Take a walk outside your mind.
Tell me how it feels to be
the one who turns the knife inside of me"
-Aerosmith, Hole in my soul.

Hoje eu tinha que resolver um problema. Sentamos para conversar sobre os fatos de segunda feira e, num determinado ponto da conversa, começamos a falar dos nossos defeitos. T
em algo que quem trabalha (ou convive) comigo não consegue suportar: foram unânimes e insistentes em afirmar que eu sou piedoso, mas da maneira errada.

Disseram que eu funciono assim: Dou oportunidades e perdôo erros, apenas para que quando eu errar eles façam o mesmo e me protejam também.

Mas é óbvio que eles não me poupam.
Na esperança que eles não reclamem dos meus erros (da mesma maneira que os poupei) eu me frustro. Daí pra frente fico sensível, a menor das reclamações me tira do sério. Eu não reclamei de você, você não tem o direito de falar de mim. Eu posso até mesmo considerar isso traição.

Difícil não concordar que eu sigo esse método. Eu venho testando minha paciência ao limite e tenho não causado atritos por milhares de ocasiões. O problema é que esse mesmo senso de piedade vai me levar ao abismo. Eu já disse por aqui que o amor destruiu a minha vida, nada mais coerente que justificar como isso aconteceu. Amo tanto aos outros que eu consigo ser piedoso, mas nunca, jamais consegui trabalhar isso de maneira positiva.

Após um ato de maldade contra mim eu não faço vinganças, mas isso não significa que eu não pense nelas. Eu posso me calar diante de uma discussão, mas não significa que as palavras não estejam implorando para sair. Eu posso até mesmo não rebater uma agressão física, mas isso não significa que eu não desejo que os ossos da pessoa se quebrem.

Eu sou monstruoso. Eu aprendi apenas a negar certos impulsos e guardar determinados sentimentos, mas estou longe de aprender a trabalhar com eles, passei todo esse tempo pensando que estava no caminho certo. Engano meu, essas
coisas vão me matando por dentro, se cristalizando, até mesmo ao ponto de se tornarem físicas. Dor de cabeça, compulsão alimentar, noites mal dormidas e um dia talvez se tornem até mesmo câncer.

Essas história da piedade demasiada foi Nietzsche que me fez compreender o quão grave é. Tomar uma atitude de perdão diante uma ameaça pode ser até mesmo uma forma de interromper o universo e impedir o amadurecimento dos outros. Nietzsche queria dizer que toda vez que alguém se cala está evitando um problema, mas esse mesmo problema é talvez o que faria a pessoa evoluir, a faria mudar. Você nega a força que um conflito tem na vida de uma pessoa. Ele até inclusive gostava de ser considerado inimigo para os outros:
também é uma forma de iluminação ver o amadurecimento através da dor que ele causava.

Voltando a minha vida, eu me perguntei algo com o intuito de achar a base do problema. Será que eu estou passando a imagem de um santo e perdoando sempre apenas por que eu sei que um dia eu vou errar também? Melhor já ir garantindo meu perdão?

Talvez isso mascare algo mais profundo ainda. Será que eu consigo trabalhar as consequências de um erro genuinamente meu?

Eu devo sim ser piedoso, mas apenas quando eu conseguir trabalhar o sentimento que isso vai causar em mim ou quando ser piedoso não é para cobrar futuramente do meu agressor piedade em troca.


Lição do dia: em minhas mãos, até mesmo o Perdão pode ser uma maneira suja de chantagem.


"There´s a hole in my soul
that´s been killing me forever

It´s a place where a garden never grows
There´s a hole in my soul,
Yeah, I should have known better"
-Aerosmith, Hole in my soul

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Náuseas

"Porque há o direito ao grito.
Então eu grito."
-Clarice Lispector

No final eu sobrevivi pra contar o que aconteceu.

Eu tive uma noite tranquila ao lado de amigos e pessoas bem quistas. Até eu chegar. Como disse no meu fotolog, tem notícias que destróem uma vida.

Se ontem eu dormi com vontade de não acordar, paradoxalmente acordei hoje com vontade de viver. Tudo pronto para mais um dia de trabalho, encontrar depois os amigos, conversar, talvez escrever sobre o fato de ontem, enfim, seguir em frente.

Nada poderia ter dado tão errado.

Quem presenciou minha discussão esta manhã deve ter ficado com uma impressão bem próxima da real: houve hoje um conflito de opiniões que valeram seis horas de puro luto e eu não consegui esconder isso. Eu me angustiava por dentro e queria vomitar algo que não era físico, difícil explicar sem citar uma vontade única de gritar e fugir. Eu pedi pra que aquelas horas acabassem em minutos, rezei como um condenado prestes a morte pra que Ele me pegasse pelas mãos e fizesse daquele inferno pessoal um lugar no mínimo aceitável de se estar. Eu não aguentava mais um minuto naquele inferno, e quanto mais desejava que o tempo corresse, mais ele se extendia.

Eu tenho sido outro. Eu tenho rompido barreiras dentro de mim que me tornaram não só mais aceitável a mim mesmo como também mais forte. No entanto, cada passo para frente é um sinal de que não é essa a vida que quero e não são essas pessoas que preciso a minha volta. Em resumo, quanto mais me gosto, mais me exigo e menos me conformo com a minha realidade. Exigência tem seu preço e talvez eu caminhe agora lentamente à solidão. Hoje foi outra prova de que essas pessoas não me valem.

De fato tanto fez a ameaça que sofri, eu não senti medo do futuro. Eu poderia ter perdido tudo hoje que eu refaria a minha vida com nova perspectiva, eu só queria mesmo que aquilo acabasse logo, não importanto como acabasse.

Até pensei em concluir com uma citação mais que válida de um amigo, mas até isso me foi tirado também. O que sobrou pra mim foi eu mesmo, e nem eu estou inteiro agora e nem me satisfaço também. Minha presença pra mim é só mais um aviso que ninguém que gosto estará aqui e só posso ter quem eu não quero.

Perdido, magoado e principalmente sozinho, acabo esse dia com um desprezo pelas pessoas que me cercam e não me pouparam. Atiraram pedras, inclusive num momento de fragilidade pessoal, apenas para elevar seu ego e mostrar quem manda e, que quando caladas, tem se monstrado negligente às minhas necessidades e desejos. Eu não passo de um objeto de interesse para todos eles?

É por isso que eu queria vomitar, intenso nojo por todas as pessoas que insistem em cruzar o meu caminho.

Mas quem presenciou a discussão também me viu levantar a voz e lutar de igual para igual. Prova concreta de que eu também sei e posso ser agressivo, egoísta e mesquinho. Esse é meu medo, cada dia a mais com essas pessoas eu me contamino, eu me torno um pouco deles também.

E isso, isso eu não quero. Só de pensar nessa possibilidade me dá novamente vontade de vomitar...

"Que os mortos me ajudem a suportar o quase insuportável,
já que de nada me valem os vivos."

-Clarice Lispector

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Wonderfalls (ou melhor: Wonder Falls)

-I surrender to destiny


De tudo o que me toca eu absorvo um pouco. Música, filmes, livros e seriados;
todos tem o seu devido lugar na minha vida. Contrariando minhas expectativas pessimistas, de tempos em tempos ótimos seriados surgem. Seja por um link perdido na internet ou por indicação de um amigo, uma nova porta se abre e me ensina mais sobre a vida e, consequentemente, sobre mim mesmo.

Wonderfalls é desse tipo.

Jaye é uma garota que aparenta ser desiludida com o mundo, alguém bem realista, que prefere morar num trailer a conviver com a família louca. O escape daquelas pessoas também tem outra origem, o fato de que neles sempre tem algo de vitorioso, e ela, aquela sensação de que não deu certo na vida e está sem perspectivas, quando por exemplo sua mãe publicou um livro e sua descrição tinha apenas agumas palavras, enquanto os outros filhos ganharam parágrafos inteiros.

Jaye trabalha em uma loja de souvenirs nas Cataratas do Niágara, divisa dos EUA com o Canada, característica até de contraste em alguns momentos do seriado. Seu trabalho é do tipo miserável, do tipo monótono. E por que afinal ela continua lá? Porque "é o suficiente pra bancar minha vida no trailer". Quantas pessoas não se submetem a empregos fáceis e estáveis, totalmente banais, apenas porque eles sustentam um padrão de vida comum?

Seu trabalho ainda é algo sem ambição. A única maneira de crescer era v
irar gerente e essa vaga acaba de ser preenchida pela pessoa mais geek e infeliz que possa existir. Alec (gentilmente apelidado por Jaye de "Mouthbreather", que respira pela boca) se torna o novo gerente e é só mais um na galeria de pessoas que ela tem que conviver e que transformam a vida dela num inferno particular.

Se tudo na vida dela tem um tom de derrota, o que dizer do amor? Parece que ela gosta, mas tem vergonha de expor os sentimentos para um barman local. Eric é alguém machucado, alguém que sofreu suas maiores decepções nesse local, viu um conto de fadas ser criado e destruído, tudo nessas cataratas, a wonder fall.

Jaye jamais mostrou seu interesse nesse homem justamente pela bagagem dramática que ele carrega. Ela sabe que ele merece algo melho
r, ela quer vê-lo com alguém normal e não com alguém tão excêntrica. Decepcioná-lo novamente e vê-lo tão mal não parece digno de alguém que gosta dele da forma que ela gosta. Isso me lembra e em muito uma frase de Grey's Anatomy, "Eu me sinto como aquelas pessoas tão completamente miseráveis que não podem ficar por perto das pessoas normais. É como se eu fosse contaminar as pessoas felizes...". E isso a afasta do amor de sua vida.

Uma vida cheia de negações, mas prestes a mudar. É o destino. É uma força que quer e não pode ser negada. Jaye passa do real para entrar em um mundo magnífico de possibilidades. Jaye começa a ouvir uma voz, talvez a sua voz interna, talvez loucura pessoal, talvez
o universo, Deus ou até mesmo o diabo, mas é uma voz que exige que ela faça, se movimente, questione, impactue. A voz quer que ela passe do total anonimato para alguém que vai causar mudanças na vida das pessoas, pura dinamite.

Seria lindo se Jaye entendesse, se ela pudesse compreender como ela
vai afetar o mundo a sua volta, mas, como na vida real, não existem avisos. Tudo o que há é a consequência. Atitudes são tomadas e tudo o que se conhecia muda. No final, e apenas no final, ela poderá concluir como foi importante.

Wonderfalls parece apenas um drama e é essa a intensão do texto. De fato, Wonderfalls é uma das melhores comédias que já vi na vida, vai te tirar risos e te fazer perder o fôlego em muitas cenas. Fiz iluminar apenas a parte do drama porque, apesar de muitas risadas, sempre no fin
al wonderfalls te faz acordar para muitas realidades.

A vida é um monte de coisas que poderiam ter sido e jamais serão
, nossa estabilidade é prejudicial a um bem maior, a um destino que não conhecemos, mas
sentimos que existe. Tudo sobre arriscar. Não dá pra viver sempre no território seguro quando nem mesmo o território seguro é estável.

Lidar com o acaso me gerou até mesmo esse seriado. Só de eu lembrar como eu conheci a pessoa que me apresentou Wonderfalls (e Grey's Anatomy, Tori Amos, Exalted, Keane, Snow Patrol, Tra
vis, Labirinto do Fauno, The Postal Service...) me faz lembrar que se eu estive em mais um dia na minha preguiça e no meu sofá, eu jamais conheceria tanto. Vale a pena lembrar que até a coragem do blog e de escrever vem disso: O lado C

Wonderfalls é sobre isso: possibilidades quando você não nega a vida.

No final Wonderfalls é dramédia. Mistura perfeita do que a vida repre
senta: momentos de boas risadas, aliados ou destruído por outros de pura reflexão ou dor.

"Don't you ever think about this life
And how strange it all can seem?
Only way to find the answers out
Is to wake up from its golden dream

But there's one thing really mystifying
It's got me laughing, now it's got me crying

All my life I will be death defying
'Til I know, 'til I know, 'til I know

I wonder wonder why the wonderfalls
I wonder why the wonderfalls on me

I wonder wonder why the wonderfalls
With everything I touch and hear and see"

-I wonder why the wonderfalls, Andy Partridge