segunda-feira, 4 de junho de 2007

Step

Miranda: Maybe it's time I stopped being so angry.
Carrie: Yeah, but what would you do with ALL your free time?
-Sex and the City


Penso eu, então, em qual o motivo por me distanciar tanto de determinadas pessoas. A resposta é fácil e está no interesse delas por mim.

As pessoas não sabem acabar um relacionamento. Elas correm desesperadas em minha porta implorando para sair, para curtir um bom momento, para conversar sério e para ter diversões infantis. Tudo ótimo até ai.

Mas depois de um tempo começam a namorar. Do dia para a noite somem e, quando as coisas começam a dar errado, elas logo me exigem satisfações. Se eu fosse um bom conselheiro sentimental juro que não estaria sozinho. E elas também não querem ouvir. Tomam atitudes precipitadas e enchergam problemas em simples variações de humor. Tendem a encarar cada gesto como um eminente sinal do fracasso.

Perdidos em pensamentos de ciúmes, crises de falta de atenção, problemas grandes e incomodos pequenos do cotidiano, elas se perdem e, por se perderem, elas perdem seus amores juntos. Contaminam a todos com esse clima chato e não conseguem falar de outra coisa: até respirar deve lembrar de quem as abandonou.

Dai elas voltam. Prontas para que eu as apoie, que eu ouça seus problemas e aguente seus dramas.

Nos melhores momentos não me chamam, nos pio
res elas se lembram de mim. Pior: quando eu peço por uma conversa, quando eu quero falar sobre os meus medos e fracassos, elas mudam de assunto. Não deve ter nada mais chato que me ouvir. Estou cercado de pessoas assim.

Bebem para tentar esquecer, exigem a minha presença pela vergonha e medo de encararem a sua mais nova companheira: a solidão.

Quem corre atrás de mim em momentos como esse não quer ficar sozinho porque, no fundo, não se suporta.

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
-Álvaro de Campos

Um comentário:

Ariett disse...

Caramba, me identifiquei bastante com os seus textos. Obrigada! ;)