terça-feira, 13 de maio de 2008

Placebo não é cura



"Odeio mulheres como você.

Você prende os caras, agindo como se sexo fosse um prêmio,
quando na verdade
só tem medo que quando der para ele,
ele vai perder o interesse!"

-Mctesão, o cara da foto
e o mais promíscuo de Grey's Anatomy.


Hoje foi um dia de conversar com um amigo, e ele bem abriu meus olhos para novas possibilidades. Eu confesso que tenho um puta preconceito sobre esse sexo ligeiro e sem nenhuma outra conexão com a pessoa. Mas agora esse tipo de sexo bate a minha porta sempre, vem embrulhado para presente e ainda diz: por que não?

Porque é só um alívio, não e a solução.

Apesar de conhecer bem esse tipo de pessoa na vida real, ficção ajuda a ilustrar sem citar nenhum nome conhecido.

E é lógico que eu devo citar Brian Kinney. Nem Samantha Jones de Sex and the City transou mais que ele. E ele exemplifica bem justamente pelo fato de ser uma lenda. Brian é o mais cobiçado, o mais estiloso, o mais rico, o mais esnobe. Muitos se sentem felizes apenas por se sentirem desejados
por Brian, mas não passa disso. Brian nunca é encarado como gente de carne e osso, é apenas um fetiche, algo para uma noite. E até ele deixa isso bem claro para a pessoa que se apaixona por ele:


"Eu não acredito em amor. Eu acredito em foder.
É honesto, é eficiente.
Você entra e sai com o máximo de prazer, e o mínimo de blá-blá-blá.

Amor é algo que os héteros inventaram pra conseguir transar.
E eles acabam machucando uns aos outros, porque tudo começou baseado em uma mentira.
Se é isso que você quer, então encontre uma linda garotinha... e se case!"
-Brian Kinney. O maior Manwhore de Queer as Folk.




É bem esse tipo de gente pulando na minha vida. O sonho de todo cara da minha idade, menos eu. Mas pára um pouco e pensa: por que eu me nego um alívio enquanto a solução não vem?

Hoje eu pensei bem nisso e só consegui chegar a uma conclusão.
Você pode levar Brian Kinney, Samantha Jones, Shane ou o McTesão pra cama, vai ser a noite da sua vida, mas depois, eles mal vão lembrar o seu nome! A resposta é que eu tenho medo de me apaixonar e ser abandonado. De me sentir um objeto.

Droga, por que eu sempre complico essas coisas tão básicas? Agir como alguém maduro nesse aspecto tem seu preço, e está cada vez ficando mais caro. Eu tenho 23 anos e sou desejado. Eu tenho preconceito contra os caras da minha idade que passam cada noite com uma pessoa diferente, mas talvez eu bem seja desse tipo. Ou talvez seja simplesmente uma necessidade.


Ok, eu venho falando que mudei, que estou mais forte. E a maior prova de que tudo isso valeu a pena pode ser bem essa, posso me jogar de cabeça sem medo de ser rejeitado. Quando você sobrevive a sensação de rejeição e abandono, você sabe que pode passar por isso de novo, e vai simplesmente sobreviver da mesma maneira.

Eu busco outra coisa, outra pessoa, outro relacionamento. Mas, e se demorar?



Placebo, você só descobre que não é a cura se tomar!


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"Sexo com amor é a melhor coisa da vida.
Mas sexo sem
amor, também não é mau!"
-Mae West

"Amor é a resposta.
Mas enquanto você espera por respostas, sexo levanta ótimas questões!"
-Oscar Wilde

"Então, "aquilo" é uma expressão física que o corpo foi feito para experimentar. E p.s: é fabuloso!
O que eu estou dizendo é que...
O cara certo...
E o lubrificante certo...
Hummm..."
-Samantha Jones, sex and the city

Um comentário:

Bruno Canato disse...

Esta semana estava lendo um texto falando sobre transformações da intimidade. Eu nunca tinha pensado nisso, mas o advento de assumir a homossexualidade - e não mais tratá-la como perversão ou desvio - é o responsável principal pela criação do conceito de relacionamento. Antes, era-se solteiro ou casado, só o matrimônio legitimava a união das pessoas. Agora, existe a união estável, o relacionamento aberto, o "juntar os trapinhos" sem papel, e a idéia de ficar juntos para sempre desapareceu. Engraçado, mas eu nunca tinha chegado a esse ponto deo pensamento.

Por outro lado, dessa reinvenção surge a casualidade. Acho que ela chocava em 1970, sei lá. (O texto falava que sexo sempre foi associado pelas mulheres com morte, porque partos diminuem a expectativa de vida; isso se perdeu com o anticoncepcional, mas foi reencontrado com AIDS e outras DSTs.) Hoje em dia, eu conheço muita gente que pratica, e me conta achando que eu vou achar um horror. Não acho. Acho que já chegamos em um ponto em que mais assustador é ouvir uma pessoa se guardando pro casamento, ainda depois dos 20 anos de idade!

Uma amiga minha é da teoria de que todos somos casuais. Tanto é que, pós namoro, ela quis me levar em todo tipo de lugar pra provar que eu mesmo sou - dia desses ela estava falando que queria casar e ter filho... Acho que funcionou da maneira inversa.

Não vejo nada de errado em nenhum dos lados. Só acho que cada pessoa tem uma espécie de tese pessoal - um ritmo, um gosto, uma maneira de se portar. No fundo, todos somos muitos iguais, uma vez que você quebra os componentes (hahahaha, me peguei pensando em mashups agora), então é tudo muito compreensível, e tudo muito semana passada.

E a questão toda é que se pode sair pra experimentar e testar pra ter certeza de qual é sua tese. O que te faz feliz. Mas também não há nenhum problema - muito pelo contrário - em não querer fazer algo se você não acha que tem a ver com você.

O que não dá pra fazer é embarcar numa onda apenas porque é só o que existe, contrariando a tese. Isso eu acho ruim, uma espiral de auto-destruição.