terça-feira, 10 de junho de 2008

A Big, Big Trouble

"Vocês dois são loucos por se casarem.
Casamento destrói tudo!"
-Miranda Hobbes


(Não contém informações relevantes da trama do filme Sex and the City)


Ah, sim. Estavam todos esperançosos e contentes com a sinopse do filme que dizia "Carrie vai se casar com Mr. Big". Para o mundo, era como uma recompensa. Ela sofreu e lutou por esse cara durante seis anos, e finalmente o sonho dela virou realidade.

Menos para mim.

Primeiro que era o sonho dela, apenas dela. Era óbvio que um cara que já casou duas vezes não vai subir feliz ao altar na terceira, principalmente quando o casamento se torna muito mais um evento de moda do que uma celebração do amor.

Mas o que mais me incomodou foi o fato de que ela torcia para um final feliz e acabou por esquecer de todo o resto. Se essa mulher durante todo o seriado percorreu na alma de todos os relacionamentos, se questionou da necessidade de um homem para fazê-la feliz, aprendeu com todos os erros (e em seis anos acreditem, não foram poucos) e finalmente conseguiu fazer com que o cara da sua vida diga "Você é a única", pra quê tudo isso?

Só pra ela chorar mais um pouco.

Foi necessário regredir todos os ensinamentos anteriores pra criar um filme (e que eu amei), mas o fato de ela não ter aprendido a maior lição de todas me incomoda até agora.

A Carrie merece o Mr. Big sim. Merece casar com um cara que provavelmente está com ela fixamente porque está ficando velho demais e tem medo de terminar sozinho. Ela merece levar ao altar alguém que em seis anos disse mais a palavra "Desculpas" quando a traia ou quando terminava com ela, do que a frase "Eu te amo".

A verdade é que os roteiristas começaram a mudar no meio do seriado o personagem Mr. Big. Ele era, desde o começo, um cliché masculino. Ele era poderoso, poderia ter todas as mulheres que quisesse, mas não queria nada sério. Ele era o cara perfeito, porém inconquistável. Não tem mulher no mundo que possa ser a única. Carrie é tão bem enganada nessa trama que mesmo quando Big casa com outra mulher e a usa como amante, ele a faz a acreditar que não é apenas sexo, mas é porque ele a ama.

Quem garante a Carrie que ele não vai fazer o mesmo com ela?

Mas Carrie se ilude porque o ama. Mais pro final do seriado ele muda, mas nunca houve uma redenção ou epifania. Mr. Big de repente acorda que precisa de uma mulher fixa, e escolhe a Carrie. Só isso.

Sorte do Aidan, meu ex preferido dela e que nem aparece no filme, está para sempre livre de uma mulher em crise. Ele pode finalmente encontrar alguém de carne e osso, e não uma manequim da Dior.

Eu adorei o filme. Passei duas horas e meia envolto em sonhos e no glamour de New York e reencontrei minhas quatro amigas, que me fazem rir e me ensinam muito sobre sexo durante várias madrugadas da minha vida.

Só queria alertar que esse sonho é, na melhor das hipóteses, uma auto destruição. Ninguém que te faz chorar por seis anos pode ser o homem da sua
vida.


E fica a dica. Quem te traz seis anos de lágrimas, pode trazer muito mais.


"Eu amaldiçoou o dia em que você nasceu!"
-Charlotte para o Mr. Big

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